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Ford T é homenageado em exposição no Museu do Automóvel

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O Ford Modelo T, carro que colocou o mundo sobre rodas e revolucionou os conceitos de produção, é tema da exposição inaugurada este mês no Museu do Automóvel, em Brasília. Além de dois veículos originais, uma versão Roadster e um conversível quatro portas modelo Touring, a Exposição Centenário do Ford Modelo T exibe objetos, equipamentos, ferramentas, produtos de época e painéis com fotos que ilustram a produção e os caminhos desbravados pelo pioneiro.
O objetivo é levar o visitante a uma viagem histórica e didática. “O Ford T não é apenas mais um. Na história, ele é ‘o’ automóvel”, diz o antigomobilista Roberto Nasser, curador do Museu do Automóvel, que gosta de definir o carro como “cruzamento de jipe com burro”. “Ele não foi o primeiro, nem o mais bonito ou refinado. Ao contrário, era feio e rústico, ferramenta prática, fácil de operar, durável. Muito diferente da visão de época, mais voltada ao refinamento que à praticidade, espécie de brinquedo e opção divertida ao uso dos veículos de tração animal.”
Durante os 19 anos em que foi produzido, de 1908 a 1927, o Modelo T somou cerca de 15 milhões de unidades, mudando não só a indústria e o cenário urbano como o modo de vida de milhões de pessoas. Antes dele, cerca de 90% da população jamais havia viajado a mais de 30 km de casa e experimentou uma liberdade de movimento sem precedentes. A facilidade de operação e manutenção foram fatores importantes para o seu sucesso. “Num Brasil sem estradas, ligou pessoas e lugares e trouxe uma mobilidade até então desconhecida pelo homem”, completa Nasser.
Seu motor de quase 3.000 cm3 produzia apenas cerca de 20 cavalos de potência. Com grande distância do solo e rodas finas, ia a lugares onde só animais valentes atingiam. Porém chegava mais rapidamente e mais longe. Rústico e construído para durar, o Ford Modelo T foi pioneiro nos conceitos de produção em linha de montagem e economia de escala. Na época do lançamento custava 800 dólares, preço que foi sendo reduzido e chegou a 295 dólares ao fim de seu reinado.
A exposição ilustra também façanhas do Modelo T, trabalhando na abertura da Rodovia Panamericana e da primeira estrada em Goiás, ligando Uberaba a Rio Verde, e junto com o Mal. Rondon fincando postes de telégrafo em regiões inexploradas do Brasil. Outra curiosidade revelada pela mostra é que o Modelo T foi o primeiro carro flex do Brasil, com a aprovação oficial recebida em 1925 para uso do álcool como combustível.
Referência histórica
Localizado em Brasília, na SGON Quadra 1, número 205, ao lado do Memorial JK, o Museu do Automóvel tem como objetivo preservar a história da indústria automobilística no Brasil. Ele promove quatro exposições temáticas por ano e recebe mais de 20.000 visitantes, incluindo estudantes e o público em geral. Além de um Ford Modelo A e uma caminhonete F1 1951, também fazem parte do seu acervo os modelos Ford Landau, Galaxie, Corcel e Ka Stewart. A mostra reúne ainda quase todos os motores produzidos no Brasil, que permitem uma visão da evolução da tecnologia do setor.
“O automóvel é uma referência histórica do desenvolvimento da tecnologia e do transporte, e como tal deve ser preservado. Simplesmente guardar os veículos antigos fechados dentro de um galpão, como fazem os colecionadores, é tirar a sua finalidade social. Foi isto que norteou a criação do museu e continua a ser a sua razão principal”, afirma Roberto Nasser.
O Museu do Automóvel funciona das 11h00 às 18h00 com entrada a R$10 – crianças até 12 anos, estudantes, grupos e pessoas com mais de 60 anos pagam R$5. O telefone é (61) 3225-3000.