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Um esporte de riscos

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Acidentes mostram que automobilismo não é só festa

Texto: Edmur Hashitani*

O acidente envolvendo Felipe Massa, nos treinos para o GP da Hungria, mobilizou grande parte do público brasileiro de automobilismo. Durante os momentos de Aqueles que acompanham apenas a Fórmula 1 foram remetidos de volta a 1994, quando todos sabemos o que aconteceu.

Os que gostam de outras categorias também voltaram no tempo, mas não tanto. Uma semana antes de Felipe ser atingido por uma mola, o britânico Henry Surtees foi atingido por uma roda durante uma prova da Fórmula 2 e morreu. Henry era filho de John Surtees, o único homem do mundo a vencer mundiais em duas e quatro rodas.

Na metade do século passado, na era dos Grandes Prêmios pré-Fórmula 1, e mesmo depois da instituição do mundial, eram constantes as mortes na pista. Não foram poucos os pilotos que perderam a vida na pista. Em eventos oficiais da F1, válidos para o campeonato, foram 33 mortes. No total, contando provas extra-campeonato e testes privados, o número sobe para 43.

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O primeiro a perder a vida em uma prova do mundial foi o americano Chet Miller, nas 500 Milhas de Indianápolis de 1953 (àquela época a prova fazia parte do calendário da F1). O último foi Senna, há distantes 15 anos. Este já é o maior período sem mortes na categoria máxima do esporte a motor.

No entanto, não nos enganemos. Inegavelmente os carros e pistas de hoje são mais seguros, mas se a Fórmula 1 vem se mostrando exemplo, acidentes fatais continuaram acontecendo mundo afora.

Na Indy, por exemplo, foram seis mortes neste período, entre testes e eventos oficiais. O último deles Paul Dana, em 2006. NASCAR, Stock Car, Le Mans, nenhuma categoria foge à regra. Neste ano, em junho, Carlos Prado, piloto da Nascar mexicana havia morrido em um acidente terrível. Depois foi Surtees.

Mas enfim, vamos ao que importa. Horas após o grave acontecido com Massa, Rubens Barrichello, de quem a peça que atingiu o ferrarista se soltou, disse que os acidentes eram uma mensagem, de que era necessário prestar atenção a estas coisas.

Rubinho, claro, tem razão. E eu não enumerei estes acidentes para impressionar ninguém. Este não é um texto que deve ser usado como desincentivador para futuros pilotos. Todos os postulantes a um lugar no esporte são cientes de que há riscos. Por maior que seja a segurança em volta, em carros, em pistas, em macacões e aparatos tecnológicos, quando você entra em um carro que atinge mais de 300 km/h, com a cabeça exposta como nos monopostos sempre há riscos, por menores que sejam.

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E é justamente a diminuição destas margens que deve ser buscada pelos organizadores, e eles vêm fazendo. Mortes podem, sim, ser evitadas. Massa é exemplo dos avanços tecnológicos aos quais o esporte se submeteu. Não fosse a blindagem de seu capacete e dificilmente ele estaria vivo para contar a história da mola que atingiu sua cabeça.

Resumidamente, a intenção deste espaço é justamente mostrar que os riscos estão aí. Os acidentes recentes e passados devem ser utilizados para aprimorar o esporte. E que tenhamos mais 15, 30, 100 anos sem pilotos ficando pelas pistas do mundo.

* Edmur Hashitani é jornalista, colunista do jornal Alpha Autos e editor do blog Bandeirada (www.bandeirada.wordress.com).