Ricardo Reimer*
A crise mostrou seu lado escuro para o setor automotivo no final do ano passado e início deste. Quando apareceu, ceifou empregos e fez a indústria botar um pé no freio da produção. De repente, criou-se uma nuvem de incertezas sobre como seria 2009 para começar para uma indústria que havia caminhado excepcionalmente bem até então. Desaceleram-se as máquinas, mas e as mentes? Aquelas que criam tecnologias inovadoras e pensam nos veículos de amanhã?
Na engenharia da área da mobilidade, definitivamente, não há espaço para tempo ruim, pois não é um braço para se incrementar vendas, mas para manter a competitividade e o desenvolvimento contínuo e sustentável da indústria e de uma nação. Portanto, crise não é o foco de quem investe em inovação, em produtos que otimizem a potência dos carros, reduzam o consumo, gerem maior conforto e interação para o usuário e, mais do que isso, surpreendam. E é com esse espírito que o Congresso SAE BRASIL prepara a sua 18ª edição, para mostrar, de 6 a 8 de outubro, quais são as surpresas tecnológicas que as montadoras, sistemistas e as demais empresas do setor reservam para o futuro da mobilidade brasileira. E posso garantir que teremos muitas e boas surpresas.
A movimentação já é intensa. Em uma área total de 10 mil m², as principais empresas do setor já reservam espaço para expor seus últimos desenvolvimentos tecnológicos que estarão nas ruas amanhã. Em 16 painéis temáticos vão contar, por meio de especialistas do Brasil e do exterior, quais são as oportunidades e as vocações que a engenharia brasileira pode liderar para ocupar seu espaço no cenário global, debatendo mecanismos para as empresas serem mais competitivas e, ao mesmo tempo, sustentáveis.
Na pauta de discussões, o debate envolverá temas hoje muito necessários para o Brasil, como a integração da manufatura-logística com foco na gestão de estoques e na otimização dos fornecedores, mostrando como a indústria pode se adequar ao sobe e desce da economia e ser mais flexível. Vamos falar do powertrain global; multicombustível para o setor de duas rodas; trem de alta velocidade; projeto de sistemas de aeronaves visando a redução do impacto ambiental; o que pode ser feito tecnicamente em veículos pesados até 2012 para melhorar as condições da frota circulante enquanto o Euro V não chega ao Brasil; e além dos novos materiais, sua reciclabilidade e destinação após o descarte do veículo.
O maior evento de tecnologia da mobilidade da América Latina trará novamente este ano uma seleção de 120 trabalhos de elevado nível técnico, desenvolvidos por engenheiros de indústrias e universidades, para serem apresentados com exclusividade. Essa seleção é uma rica janela das muitas pesquisas que o setor vem fazendo em todos os campos da mobilidade. São estudos que a comunidade de engenharia não poder deixar de se agendar para conhecê-los.
Portanto, muito mais que uma feira, o Congresso SAE BRASIL é uma rara oportunidade de interação e intercâmbio técnico de informação, entre empresas e profissionais do setor, envolvidos com as últimas pesquisas, produtos, tecnologias e serviços. Isso sem falar nos estudantes de engenharia, que têm a oportunidade de conhecer, na prática, o que é de fato a engenharia brasileira.
Já iniciamos a subida da rampa que nos levará à retomada do fôlego que tínhamos em 2008. Como a cada mês a rampa fica mais íngreme, não tenho dúvida de que o Congresso será a melhor época para se ‘mostrar a cara’, o que virá por aí no ano da retomada, em 2010. Empresas inovadoras, ao chegarem ao topo, mostram suas surpresas. Aquelas que se esconderem, correm o risco de escorregar.
* Ricardo Reimer é presidente do Congresso SAE BRASIL 2009