O cenário para os ciclistas do Brasil ainda apresenta uma série de barreiras e desafios a serem superados. A bicicleta, que já foi tema de música de Marcos Valle, de verso de Vinicius de Moraes, que já apareceu em muitos filmes publicitários e que representa o sonho de toda criança, continua sendo discriminada nas vias públicas.
Nas palestras realizadas no 10° SALÃO DUAS RODAS, Rodrigo Telles, representante do Clube de Cicloturismo e da UCB-União dos Ciclistas do Brasil, expôs as principais condições desse segmento que mexe com milhões de brasileiros. “É preciso legitimar efetivamente o uso da bicicleta com a criação de ciclovias que ofereçam segurança aos usuários”, enfatizou o ciclista. Para ele ainda falta união e comunicação entre os ciclistas fanáticos, que andam sempre equipados e os ciclistas comuns que utilizam o veículo para o trabalho ou lazer. “Deveríamos cobrar mais apoio das autoridades, inclusive na questão de educação no trânsito”, complementa.
Desde 1997, o uso da bicicleta foi legalizado no trânsito, com exigências como o uso de capacete, mas os ciclistas querem mais obras de infra-estrutura e condições favoráveis para a circulação em vias públicas.
Os números do mercado de bicicletas no Brasil impressionam. Estima-se que circulam no Brasil, cerca de 65 milhões de bicicletas, incluindo todos os tipos de uso, sendo 50% para locomoção ao trabalho, 32% de público infantil, 17% para recreação e lazer e 1% para competição. Quase dois terços da população tem alguma ligação com esse veiculo, que está muito presente , principalmente nas cidades com até 100 mil habitantes, maioria no País.
“O Brasil é o quinto maior consumidor de bicicletas do mundo, ficando atrás apenas da China, Estados Unidos, India e Japão e o terceiro no ranking de produtores”, informa José Eduardo dos santos, editor da revista Bicycle. “Quase a totalidade das bicicletas fabricadas no Brasil são absorvidas pelo mercado interno. Não somos nem exportadores nem importadores”.
Todos os palestrantes frisaram que a bicicleta é um veículo de integração entre as pessoas, excelente para a saúde, que reduz o índice de doenças cardíacas e diabetes, além da utilidade como meio de locomoção limpo e silencioso que ajuda a minimizar a formação da camada de ozônio, provocada principalmente pelos carbonos emitidos por outros tipos de meios de transporte.
Novos Horizontes
Medidas recentes da Prefeitura de São Paulo trazem novo alento para os ciclistas. Foram criadas ciclofaixas, ciclovias e bicicletários em algumas estações do metrô e parque, o que está ampliando o número de adeptos da bicicleta. Nesses locais a população pode guardar ou alugar bicicletas e até obter o veículo por empréstimo por tempo limitado.
“Tudo o que é exagerado é ruim como é o caso do excesso de veículos nas ruas. A bicicleta é um meio alternativo de transporte que ajuda a melhorar a questão ambiental e por isso começa a ser incentivado pelo poder público”, explica Laura Ceneviva, representante da Secretaria do Verde e do meio Ambiente da cidade de São Paulo. Para ela a sociedade deve mudar o comportamento e aderir às duas rodas, o que seria muito bom para todos que vivem nos grandes centros urbanos. ”A Prefeitura criou ciclovias e ciclofaixas para incentivar novas atitudes da população”.