Qualidade em tempos de alto volume de produção
Quando se fala em robustez na manufatura da indústria automobilística logo vem à mente uma infinidade de controles e processos redundantes, de forma a se precaver contra eventuais falhas. No entanto, manufatura robusta deve ser entendida como aquela que tem seus processos sob controle e com indicadores que comprovam sua eficiência, não necessariamente em quantidades que ultrapassem a eficácia de controle. Afinal, qual deve ser a dimensão dos controles para que os processos produtivos garantam todos os requisitos de qualidade e produtividade, atendendo o projeto do produto?
Os responsáveis pela manufatura nas empresas são constantemente desafiados a agir com estes questionamentos à cabeça, uma vez que de nada adianta ter excelente projeto se os processos não possibilitam atendimento aos níveis desejados de qualidade e custos. Além disso, é preciso considerar que os volumes de produção ou estão crescendo ou estabilizados em um patamar elevado. Neste contexto, inúmeras ações são tomadas para não deixar a manufatura em posição crítica dentro das organizações.
O que vem sendo constantemente desenvolvido são os chamados Sistemas de Produção. Desde a introdução do Toyota Production System (TPS), praticamente todas as empresas têm sistema que permita controlar seus processos dentro de um conceito operacional com adequado valor agregado, de forma eficaz, conjugando todos os fatores de influência – pessoas, meios, máquinas, meio ambiente e método. O objetivo é ter o produto certo, com qualidade, no tempo certo e com preço competitivo. Estes sistemas devem ter confiabilidade suficiente para absorver eventuais desvios e corrigi-los em tempo de se evitar falhas.
Dentre os fatores que podem influenciar os resultados está a não conformidade de autopeças, nas quais impactos em qualidade, capacidade e falhas na cadeia de fornecimento têm gerado demandas adicionais para que os produtos finais não sejam afetados. Para que volumes finais também não sejam prejudicados, já se vislumbra forte tendência de importação de autopeças para compor a cadeia, principalmente provenientes da Ásia, onde os volumes de mercado crescem exponencialmente, supridos por mão de obra e matéria-prima com custos baixos.
O questionamento que neste momento surge é quanto à qualidade destas autopeças e seu impacto nos processos por ora estabilizados. Qual será o resultado final deste fator na performance da indústria nacional? É fato que a robustez nos processos será colocada à prova e a responsabilidade dos profissionais envolvidos aumentará substancialmente.
Este é apenas um dos componentes na tão complicada equação da rotina nos ambientes produtivos. Grandes desafios serão colocados aos envolvidos para os próximos anos, quando muito deverá ser considerado para atender crescentes volumes de produção com a devida manutenção e melhoria nos índices de qualidade. O que poderá ser feito para melhorar? Quais serão as lições aprendidas que influenciarão nas melhorias? O que poderá ser feito de diferente? Não custa lembrar que a indústria automotiva nacional tem previsão de chegar a 4 milhões de unidades produzidas ainda em 2010!
Estes assuntos serão o foco do debate na Tarde da Manufatura & Qualidade do Congresso SAE BRASIL 2010, dia 6 de outubro, em São Paulo, com especialistas que darão sua visão neste ambiente de desafios. Cada empresa tem sua metodologia própria e, principalmente, iniciativas inovadoras compatíveis com seus produtos e com o ambiente onde operam. O debate irá compartilhar amplos conhecimentos e demonstrar as melhores formas para alcançar o sucesso em operações, como empresas superam os obstáculos em busca da maior eficiência operacional aliada à qualidade almejada para satisfação de clientes.
Marcelo Martin é diretor do Comitê de Manufatura & Qualidade do Congresso SAE BRASIL 2010