A pesquisa foi realizada com as 11 montadoras que mais venderam carros no primeiro semestre de 2011, de acordo com dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea): Citroën, Fiat, Ford, Chevrolet, Honda, Hyundai, Nissan, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen e constatou total falta de clareza das informações sobre eficiência energética de seus veículos ao consumidor.
Em dissonância com a postura que assumem em seus países de origem, por falta de determinação do poder público no Brasil, as empresas não informam em seus canais de atendimento (SAC, site e concessionária), o rendimento do combustível de cada modelo e a emissão de CO2 do veículo na atmosfera.
Além da pesquisa nesses canais, o Idec enviou um questionário formal às empresas, mas apenas a Honda e a Toyota responderam, reforçando a falta de transparência já constatada.
O Idec havia realizado a mesma pesquisa em 2009 e, após dois anos, nenhuma mudança significativa ocorreu. “As mudanças climáticas são uma realidade e já não podemos mais aguardar anos por medidas voluntárias que favoreçam a redução no nível de emissões. Se as empresas não estão dispostas a assumir no Brasil de forma voluntária uma postura mais transparente, condizente com a que adota em outros países, isso deveria ser obrigatório”, afirma Adriana Charoux, pesquisadora do Idec.
Há mais de 20 anos sabemos da necessidade de revermos os padrões de produção e consumo a fim de torná-los mais sustentáveis; e que a responsabilidade deve ser compartilhada por consumidores, empresas e governo. “Mas para que o consumidor faça a sua parte, é preciso que o seu direito à informação seja respeitado”, defende Charoux.
Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular
Outro problema que persistiu foi a baixa adesão das empresas ao Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) – coordenado pelo Instituto de Normalização, Metrologia e Qualidade Industrial (Inmetro) –, que avalia a eficiência no consumo de combustível.
Pelas atuais regras do Inmetro, as montadoras que aderem ao programa têm a opção de afixar ou não a etiqueta no vidro dos veículos; a única obrigação é incluir o resultado da avaliação no manual do proprietário do automóvel e também nos pontos de venda. Em resposta ao Idec, informam que a partir de 2012, quem aderir ao PBEV deverá afixar a etiqueta sem definir precisamente o local colocado.
Para o Idec, ideal é que a participação no PBEV seja compulsória, pois a adesão voluntária não tem tido muita representatividade.
Nota Verde
Além da notificação às empresas, o Idec enviou o resultado da pesquisa aos órgãos públicos envolvidos, como Inmetro, Ibama, entre outros, solicitando esclarecimentos sobre o tema.
Respostas das empresas
Honda: em relação ao duplo padrão de informações, disse que cabe a cada unidade definir o conteúdo, e que a página norte-americana “permite o comparativo de modelos por essa ser uma prática daquele mercado”.
A Honda informou ainda que não está participando do programa em 2011 “por questões internas”, mas que há intenção de voltar a participar em 2012 [ela participou em 2009 e 2010].
Toyota: não comentou a respeito da ausência de informações no SAC, no site e nas concessionárias, e também não informou quantos modelos (e quais) participaram do PBEV em 2010 e 2011; disse apenas que as informações estão disponíveis no site do Inmetro.
Em relação à ausência da etiqueta nos veículos, a Toyota não se justificou; e sobre a divulgação da avaliação do programa em seus canais de comunicação, limitou-se a dizer que a informação consta do site do Inmetro. Questionada se pretende estender o PBEV a todos os modelos e versões da marca, respondeu que “a participação do programa em 2012 ainda está em avaliação”.





