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Alpha Notícias: Inovação norteou Simpósio SAE de Manufatura Automotiva

Texto: Assessoria de Imprensa
A engenheira Sonia Campos, diretora da fábrica da GM em São Caetano do Sul fez a primeira apresentação do Simpósio SAE BRASIL de Gestão e Estratégias de Manufatura Automotiva, realizado nesta segunda-feira (15) em São Paulo. As estratégias inovadoras para ganhos de eficiência e redução de custos foram a tônica das palestras do simpósio, aberto por Frank Sowade, vice-presidente da SAE BRASIL e diretor de Operações da Volkswagen. “Este ano fizemos um redirecionamento do simpósio”, disse o executivo, em alusão à ênfase em aspectos de gestão e estratégia.
General Motors
Sonia Campos contou como em 12 meses executou quatro projetos com conteúdos novos, sem perdas de volume e de qualidade dos modelos, com sobreposição de atividades em diferentes plantas e fornecedores, logística global e local e trabalho em finais de semana e feriados. “Nosso maior desafio foi trabalho em time, e, para o sucesso, tivemos em mente não parar”, destacou. Sonia listou a adição de um turno de trabalho simultaneamente à troca de portfólio (Vectra e Astra), com flexibilização de materiais na linha de montagem para a adição do modelo Spin; transformações na área de funilaria; novas células de montagem (portas e cofre) e novas linhas de prensas com ganhos de 20% de produtividade. A executiva confirmou, ainda, que a GM trabalha com foco na localização de peças para atendimento ao Inovar-Auto.
Autopeças
Gábor Deák, conselheiro da SAE BRASIL, mediou o painel “Expectativas e Planos das Autopeças – Influências do Inovar-Auto”, que teve representação da Bosch, Delphi e Magneti Marelli. Deák chamou a atenção para os fatores de falta de competitividade do País, como custos crescentes de mão de obra, estagnação de produtividade e logística proibitiva. 
Antonio Rosati, gerente de Engenharia Avançada Eletroeletrônica da Delphi, atribuiu a perda de competitividade da nossa indústria de autopeças aos efeitos da globalização. Ele ressaltou ainda que o mapa das regiões de origem das peças mudou (destaque para a Ásia e Oceania, México e China), com consequências dramáticas para o parque nacional, cujo maior desafio é o custo operacional. O executivo falou de oportunidades do Inovar-Auto, ao destacar soluções para a eficiência energética como o uso de alumínio em elementos estruturais de chassis, peças de motor e portas, e cabos de chicotes elétricos; além de sistemas mais eficientes como o controle individual de injeção de combustível por cilindro, injetores de combustível aquecidos e controle variável de velocidade do ventilador do radiador. 
Ricardo R. Silva, gerente de Manufatura, Sensores e Ignição da Bosch, falou de tendências em componentes na vigência do Inovar-Auto, que deve influir nos conceitos de manufatura até então conhecidos, com a antecipação, pelas montadoras, da nacionalização de tecnologias para redução de consumo e emissões, como turbo, injeção direta, injeção PFI avançada, start stop e transmissão. Sobre o impacto do programa, citou a exigência de maior conteúdo local com o risco associado de indefinições sobre como esse conteúdo será controlado no Brasil e nos países do Mercosul e México. 
Celso Manfrin, gerente de Produtividade da Magneti Marelli, vê no Inovar-Auto oportunidade de novos negócios por conta da nacionalização de componentes e avanço tecnológico de produtos pelas novas exigências das montadoras. O executivo falou de expectativas, planos e novos desenvolvimentos do Grupo Marelli e mostrou a estrutura do sistema WCM – World Class Manufacturing, que envolve toda a organização e ataca perdas e desperdícios, aplica padrões e métodos e tem suporte de auditorias.
Veículos comerciais
Ricardo José Silva, vice-presidente de Ônibus da Mercedes-Benz para a América Latina, abordou a complexidade do mercado, que exige dos fabricantes flexibilidade para a rápida aplicação de soluções na produção e disponibilidade de produtos para os clientes. “O mercado está cada vez mais específico em termos de aplicações desejadas e condições de tráfego, o que reflete na característica técnica do veículo, que difere a cada ano”, observou.
De acordo com o engenheiro, a Mercedes fabrica no Brasil 53 modelos com 700 variantes que na maioria dos casos são montadas numa mesma sequência. “Trabalhamos com equipes multifuncionais, sistemas Lean Manufacturing e Kaizen, investimos em automação, avaliação e ajuste de estoques para atender pedidos em no máximo cinco semanas”, destacou.
Suzana Martin, gerente executiva de Montagem de Chassis da Scania, disse que o sistema modular de produção facilita a necessária flexibilidade na linha de montagem, baseada na demanda. “Nossos valores fundamentais são o cliente e a eliminação de desperdícios” afirmou. Segundo Suzana, a produção segue princípios de padronização (o que fazer, como fazer e porque fazer daquele modo).
Roberto Castro, gerente de Operações da Ford em São Bernardo, falou sobre o modelo de gestão de manufatura, baseado no planejamento, trabalho padronizado em todas as áreas, gerenciamento visual, confirmação de processos, melhoria contínua e governança. O executivo enfatizou o gerenciamento do tempo, da informação e da logística interna para resultados de eficiência: “Por conta da complexidade da nossa produção, adotamos um supermercado de peças próximo ao ponto de uso dos itens e reduzimos em 50% o comprimento da linha de produção”, explicou.
Automóveis
No painel sobre veículos leves, Ricardo Martins, gerente geral de Assuntos Corporativos, Relações Governamentais e Recursos Humanos da Hyundai, apresentou a fábrica inaugurada em novembro de 2012 em Piracicaba (SP), onde produz o modelo HB20, com capacidade instalada de 150 mil unidades/ano. “O lema da Hyundai, palavra que quer dizer moderno em português, é produzir com qualidade e velocidade”, destacou. A empresa emprega diretamente 5 mil pessoas e não tem planos de adicionar produtos em curto prazo. 
Antonio Damião diretor adjunto de Projetos Especiais da Fiat, disse que atender o Inovar-Auto é a prioridade. “Hoje, velocidade de reação determina competitividade”, afirmou. Damião listou pontos que considera relevantes para a competitividade: inovação, com foco nas necessidades do consumidor e nos novos mercados; novos produtos no tempo mais curto possível; flexibilidade na produção; globalização e benchmarking inclusive de fornecedores; e investimento em pessoas. 
Tecnologia
As tendências na armação de carrocerias e a qualidade dos ensaios simulados foram os temas de painel, com Martin Volmer, diretor-presidente da EDAG, e Danilo Stocco, gerente da Divisão de Certificação da Abendi, sob mediação do engenheiro Marcelo Martin, da SAE BRASIL. Entre as tendências citadas, a dupla apontou o uso de alumínio, o aumento de aportes em automação de processos, a aplicação de simulações em pré-projetos e a sustentabilidade nos processos produtivos. 
Os avanços e inovações tecnológicas aplicadas à pintura foram abordados por Celso Placeres, diretor de Engenharia de Manufatura da Volkswagen, Eric Preuss, diretor de Engenharia de Manufatura da GM para a América do Sul, e Paulo Sentiero, diretor Comercial da Dür, com mediação do engenheiro Mauro Paraíso, da SAE BRASIL Entre as novidades, tecnologias de pintura relacionadas à redução de consumo de energia, emissões, materiais e de custos, além da eliminação da camada primer com material que faz a pintura de acabamento do veículo e a função de proteção solar, aplicada na fábrica da Volkswagen, em Taubaté, SP.
Thomas Corbett, doutor em Operações e mestre em Finanças pela FGV, apresentou a TOC ou Teoria das Restrições, que mede produtividade e eficiência. O consultor comparou uma tropa a uma fábrica para explicar a necessidade de treinamento, a relação de interdependência e a importância de um ritmo constante e a da disciplina para manter o ritmo produtivo sem dispersões.
Economia
Para encerrar, Gesner Oliveira comentou o panorama econômico e perspectivas para o Brasil. Para o PHD e mestre em Economia, as incertezas na economia global vão persistir, mas o risco de crise forte de crédito e quebra financeira já é menor; a economia brasileira desacelerou, mas o crescimento moderado para o Brasil nos próximos anos é provável e o País continua forte candidato a ‘tigre do século 21’. O economista aposta numa nova visão da política econômica brasileira para o setor automotivo, e fez previsões de crescimento de 7% na produção automobilística em 2013, com elevação de 3% da massa real de rendimento das famílias, expansão do crédito para aquisição de veículos, desoneração da carga tributária e do custo de produção, redução da importação em torno 5% e queda nas exportações em 6%. Para o mercado interno, Gesner prevê crescimento de vendas de 2,7%, incluindo importação, com 3,9 milhões de unidades vendidas.