Coluna “Alta Roda”: VW up! quebra paradigmas
Fernando Calmon*
Pouco mais de dois anos depois da apresentação no Salão de Frankfurt Alemanha, o Volkswagen up! chega às lojas no final deste mês. Trata-se do automóvel mais importante que a marca já lançou no país, depois do Fusca e do Gol. E tratou de quebrar alguns paradigmas em modelos pequenos ao obter notas máximas em testes de colisões e segurança infantil do Latin NCAP, além do menor consumo de combustível pelo Inmetro, quando equipado com ar-condicionado e direção assistida.
À exceção do Gurgel BR 800, o VW up! é o carro de menor comprimento (3,60 m) já produzido em série no Brasil. Ainda assim, o espaço interno é razoável para a proposta do modelo, graças ao entre-eixos de 2,42 metros (6 cm a mais que o Uno, por exemplo). Largura para ombros no banco traseiro equivale ao Polo, o que garante conforto para dois adultos apenas. Atrás, espaço para joelhos fica a dever; para a cabeça, bom.
A VW modificou vários características do modelo alemão: seção inferior da tampa do porta-malas em aço (original em vidro), janelas traseiras de descer (basculantes na Europa) e mais 6,5 cm no comprimento para garantir um porta-malas de 285 litros com estepe convencional (29% mais em comparação equivalente) e 50 litros no tanque (volume 43% maior). Assim, o carro se adequou às condições de uso brasileiras, incluindo sistema de ar-condicionado e altura de rodagem elevada em 2,6 cm, o que sempre piora o coeficiente aerodinâmico (Cx de 0,32 para 0,36).
Ergonomia para o motorista é muito boa com regulagem de altura do banco (todas as versões) e do volante (a partir da intermediária). Assistência elétrica de direção se destaca pela maciez e rapidez, embora a versão de entrada não a ofereça. A saída de ar central direciona todo o fluxo para a vertical, o que pode parecer estranho, porém é mais eficiente para o ar-condicionado.
Motor de 3 cilindros/1 litro/82 cv (etanol) tem sonoridade e aspereza típicas, sem ser desagradável. Na primeira avaliação, em circuito fechado e baixa quilometragem no odômetro, o desempenho não empolgou. Deve-se esperar, no entanto, uma melhora ao se rodar mais, pois os dados de fábrica apontam 0 a 100 km/h em bons 12,4 s. Engates de câmbio perfeitos, acerto de suspensões no melhor compromisso maciez/estabilidade, freios bem dimensionados e dirigibilidade em ótimo nível fazem do up! uma referência dentro de seu posicionamento de mercado.
Alguns pormenores desagradam: conta-giros pequeno, ausência de faixa degradê no para-brisa e de opção de vidros elétricos traseiros. Em compensação há uma prática prateleira divisória escamoteável no porta-malas e interessantíssimo aparelho multimídia removível, sem fios, tela tátil, navegador GPS, computador de bordo, pareamento funcional simultâneo para dois celulares.
Um dos aspectos mais importantes estudados pela VW foi a faixa de preço do up!. Objetivo, conforme previsto pela coluna, alcançado: custar menos que o descontinuado Gol G4, se este estivesse equipado com airbags e freios ABS. Versão de quatro portas, R$ 28.900; a de duas portas, que chega em dois ou três meses, por R$ 26.900. Nesse patamar concorre, com novo Uno, March e poucos outros abaixo da barreira psicológica próxima dos R$ 30.000.
RODA VIVA
FORD decidiu lançar o novo Ka nas versões hatch e sedã simultaneamente. Em razão do atraso no início da produção, as vendas só começarão em julho próximo. Ambos com motor de 3 cilindros/1 litro. Haverá ainda o 4-cilindros/1,5 L. A empresa procura um nome – a ser acrescentado ao Ka – na versão de 4 portas, cujo desenho final já se conhece.
ESTE será um ano de novidades para a Honda. Além da reestilização do Fit, no fim de abril, sua versão sedã City receberá retoques em seguida. Depois vem o cupê importado Civic Si (motor de 2,4 L/205 cv). E mais no final do ano, o Civic receberá as pequenas atualizações já presentes no mesmo sedã vendido nos EUA.
TOYOTA precisa mesmo mudar certas características de projeto do Etios. Recente versão Cross tem exageros quanto a apetrechos e apêndices para tentar entrar na onda aventureira. Apliques generosos em preto piano no painel, por exemplo, deixam uniformidade pouco atrativa. Retrovisores com comando elétrico melhoram a experiência ao volante.
CONSULTORIA inglesa Jato informa os dez modelos mais vendidos na Europa, em 2013: Golf, Fiesta, Clio, Polo, Corsa, 208, Focus, Nissan Qashqai, BMW Série 3 e Astra. Destaques: Golf vendeu 60% mais que o segundo colocado (situação rara por lá); SUV crossover da Nissan continua com desempenho de vendas notável; pelo preço e por ser o único sedã, o Série 3 surpreende.
LEITOR Eugênio Chiti lembra um automóvel ainda em produção mais antigo que o Uno Mille, que saiu de linha e passou o “troféu” ao mexicano Nissan Tsuru (primeiro Sentra). É o indiano Hindustan Ambassador Classic (Morris Oxford III), fabricado desde 1958 quase sem mudanças. Só a versão “modernizada” Ambassador Avigo parou em 2010. O “velhinho” continua firme.
*fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon