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O meteoro elétrico e o alerta das montadoras

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Brasília recebeu nesse mês de julho duas cartas que colocam o setor automotivo brasileiro no centro de um debate sobre industrialização, competitividade e política tributária. De um lado, quatro das maiores montadoras nacionais alertam o Presidente da República para o que consideram um risco à indústria. De outro, uma fabricante chinesa recém-instalada defende a legitimidade de sua estratégia para ingressar no mercado.

Debate sobre tributação, inovação e competitividade marca embate entre montadoras brasileiras e nova concorrente chinesa

A primeira carta, assinada por executivos da Volkswagen, Toyota, Stellantis e General Motors, foi enviada em 15 de julho. Nela, os representantes alertam que “esse ciclo virtuoso de fortalecimento da indústria nacional está sendo colocado em risco e sofrerá forte abalo se for aprovado o incentivo à importação de veículos desmontados para serem acabados no país.” A afirmação reforça a preocupação com a possível perda de valor agregado, emprego e capacidade de engenharia instalada nas fábricas nacionais.

Já a carta da BYD apresenta um tom provocador e direto: “Agora, chega uma empresa chinesa que acelera fábrica, baixa preço e coloca carro elétrico na garagem da classe média, e os dinossauros surtam. Não foi por acaso que uma concorrente reduziu o valor de um modelo elétrico em mais de 100 mil reais depois da chegada da BYD.” O texto menciona também que “se os dinossauros estão gritando, é sinal de que o meteoro está funcionando”, numa analogia ao impacto da inovação sobre os modelos tradicionais de negócios.

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O centro da disputa é o modelo de tributação aplicado à importação de veículos parcialmente desmontados, com montagem local. As montadoras estabelecidas afirmam que esse processo compromete o ecossistema de produção e representa uma concorrência desleal. Já a BYD sustenta que sua operação está dentro do planejamento aprovado pelo Governo da Bahia e segue modelos previamente adotados por outras fabricantes.

Ambas as posições foram direcionadas ao Presidente Lula, cuja decisão pode se tornar um marco para o futuro da indústria automotiva nacional. O governo ainda não se pronunciou, mas os desdobramentos são acompanhados com atenção por investidores, sindicatos e consumidores.

O meteoro elétrico e o alerta das montadoras

A reação nas redes sociais revela que o público acompanha o debate de forma ativa. Diversos comentários indicam apoio à ampliação da oferta de veículos mais acessíveis e apontam críticas à atuação das marcas históricas frente à chegada de novas tecnologias.

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No plano econômico, a discussão sobre incentivos fiscais é recorrente e envolve aspectos como geração de empregos, inovação, desenvolvimento tecnológico e equilíbrio da balança comercial. O caso atual, porém, apresenta uma nova narrativa: uma montadora que aposta na eletrificação e no custo-benefício enfrenta um setor que defende a preservação de sua estrutura consolidada.

Entre proteção à indústria e abertura à inovação, as cartas revelam os dilemas que o país enfrenta para definir sua política industrial. Ao consumidor cabe acompanhar os fatos — e decidir qual modelo melhor representa seus interesses no caminho para o futuro da mobilidade.

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