A redução nos crimes envolvendo automóveis seminovos no Estado de São Paulo reconfigura o mapa da insegurança no setor automotivo. Entre janeiro e abril de 2025, os registros de furtos e roubos de veículos caíram 16,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o Boletim Econômico Tracker-FECAP. Foram 16.153 ocorrências registradas, com destaque para a queda de 40,9% nos roubos.

Rua ainda é local mais vulnerável, mesmo com queda nas estatísticas gerais

A categoria de veículos seminovos, com até seis anos de fabricação, representou 26,7% dos boletins registrados. Para carros produzidos a partir de 2019, a queda foi de 17,3% em nível estadual, número que sobe para 28,6% na capital. O pesquisador da FECAP, Erivaldo Vieira, atribui a tendência à reorganização das áreas de vulnerabilidade: “Enquanto tradicionais ‘campeões’ como Itaquera e Vila Formosa saíram das primeiras posições, regiões como Perdizes e Carrão passaram a ocupar o TOP 10 de 2025. Essa dinâmica reforça a importância do monitoramento contínuo e da rápida adaptação das estratégias policiais e de prevenção”.

No detalhamento por bairro da capital, o Ipiranga obteve redução de 48,1% nas ocorrências, seguido pela Penha (-31,5%). Em contraste, Vila Mariana (+18,8%) e Vila Prudente (+11,1%) mostraram aumento, evidenciando possível migração na atuação dos criminosos. “Esses casos podem indicar deslocamento de focos de vulnerabilidade ou mudanças na atuação dos criminosos”, pondera Vieira.

Por marca e modelo, os carros da Fiat ainda dominam as ocorrências, com destaque para FIAT/MOBI LIKE (192 registros) e FIAT/ARGO DRIVE 1.0 (179), ambos com queda nas ocorrências. Em sentido contrário, os modelos da Hyundai como HB20 SENSE e HB20 COMFORT apresentaram crescimento, assim como estreantes como VW/POLO TRACK MA e VW/SAVEIRO CS RB MF.

O gerente de Comando e Monitoramento do Grupo Tracker, Vitor Corrêa, aponta os locais das ocorrências como fator crítico. “Dos 4.309 registros contabilizados, 3.833 (quase 89%) aconteceram nas ruas, avenidas e espaços públicos abertos”, afirma. Estacionamentos e garagens (183 ocorrências), além de comércios (101), residências (62) e rodovias, também constam como locais de risco.

Roubos e furtos de veículos caem no Estado de São Paulo

Corrêa ainda faz alerta sobre comércio ilegal de peças: “A escassez e o alto custo de peças automotivas novas contribuem diretamente para o crescimento dos roubos e furtos. A sociedade pode contribuir e só comprar peças com nota fiscal”.