Connect with us

Outros

Coluna “Modelos que deixaram saudades”: Renault Dauphine/Gordini

Published

on



Modelo tinha três volumes, quatro portas, somados ao motor e tração traseiros

Diego Juan Bergamo

Este carro de dois nomes distintos, porém tratando-se de um mesmo modelo, tem uma história bem interessante desde o seu lançamento, em 1959.

A Renault, cuja matriz mundial é na cidade de Boulogne, na França, detinha 15% do capital da Willys Overland do Brasil no final dos anos 50, e viu na fábrica da cidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista (onde hoje é uma das unidades da Ford brasileira), uma porta de entrada para montar e comercializar um veículo da marca, e foi daí o fato do Renault Dauphine ser o primeiro carro da marca francesa a ser montado no Brasil.

Com três volumes, quatro portas, somados ao motor e tração traseiros, o Dauphine surgiu como um forte concorrente do Volkswagen Sedan (Fusca): em relação ao modelo da fábrica alemã, o francês tinha habitáculo e porta malas ligeiramente mais espaçosos.


O motor 4 cilindros em linha, refrigerado a água, de 845 cm3 e 26,5 CV, empurrava o sedãzinho até 120 Km/h de velocidade máxima. Em contrapartida, o baixo consumo de combustível era o maior trunfo do Dauphine: podia chegar a incríveis 17 Km/l.

A suspensão do francesinho era uma grande novidade tecnológica em terras brasileiras: independente, com bolsas pneumáticas que endureciam conforme a carga do veículo. Pena que não suportavam o piso tupiniquim, o que rendeu várias avarias no carrinho, ganhando o criativo (e pejorativo) apelido de “Leite Glória”, em alusão ao leite em pó muito vendido na época, que “desmanchava sem bater”. Foi a maior prova histórica da falta que a famosa “tropicalização”(1) fez neste carro.

Em 1962, o Renault Dauphine sofreu leves alterações estéticas e mecânicas (dupla carburação, maior cilindrada, e câmbio de 4 marchas à frente), ganhando um novo nome que o tornaria mais conhecido por aqui: Gordini, uma homenagem ao preparador de motores de competição da Renault na época, Amedée Gordini.


Em 65, diante do apelo de popularizar o uso do automóvel no Brasil, foi criada uma versão “pé de boi”(2) do Gordini, batizado de Teimoso: era uma versão paupérrima, despida de todo o “luxo” que o Gordini tinha, como frisos, emblemas, cromados… Até o retrovisor do motorista não tinha! 

Em 1966, o Gordini ganhou nova suspensão, bem mais resistente, a qual eliminou esse problema crônico do modelo, assim amenizando a fama de “desmanchar sem bater”. Mas, no ano seguinte, com a aquisição da Willys Overland pela Ford, o Gordini saiu de linha, deixando como legado parte de sua mecânica para o “Projeto M”, que viria ser futuramente Renault 12 (França) e Ford Corcel (Brasil).


A Renault só veio realmente se estabelecer no Brasil 31 anos depois, em 1998, na cidade de São José dos Pinhais, no Paraná, iniciando suas atividades montando a segunda geração do Clio a partir do ano 2000.

(1) Tropicalização é o nome dado a todo o processo de adaptação para um carro estrangeiro rodar nas condições físicas e climáticas do Brasil, analisando possíveis mudanças de engenharia no projeto original do veículo.

(2) Pé de boi era o termo utilizado na época para carros populares. De baixo custo e ausência de alguns itens constantes nos modelos “normais”, permitia o maior acesso de pessoas de médio e baixo poder aquisitivo ao carro 0 Km. Bem… Pelo menos, a julgar pela época, na teoria, era muito bonito o discurso!

Fontes: Wikipedia, Renault e site cargarage.com.br.
Advertisement