Companhia inaugura nova sede em Itajaí e pretende instalar fábrica no Brasil até 2014
Texto e Foto: Assessoria de Imprensa
O ar simpático e pacato desse pai de família, casado e com duas filhas, parece querer esconder, de maneira até proposital, o espírito de empreendedor nato, com o tino para os negócios vindo de berço. Cristian Rodrigues Neto, atual CEO da Wega Motors Brasil, empresa pertencente ao grupo argentino R. Neto S.A, pode hoje se orgulhar do crescimento vistoso da companhia em solo brasileiro. Com faturamento mensal de R$ 4 milhões, investimentos estimados em R$ 20 milhões no Brasil e expectativa da instalação de uma fábrica no país até 2014, a Wega pretende, segundo Neto, passar de 5% para 10% de share no mercado nacional de reposição de filtros automotivos já no ano que vem.
Contudo, as coisas nem sempre foram assim do lado de cá da fronteira. A vinda ao Brasil representou um verdadeiro recomeço tanto para a corporação quanto para o executivo, que, no início das atividades em solo brasileiro, amargou um ano inteiro de prejuízo e viu o padrão de vida da família cair drasticamente. “O nosso patamar de gastos teve de diminuir bastante ao que estávamos acostumados na Argentina”, revela Neto, com certo saudosismo.
A R. Neto SA foi fundada em 1969 na Argentina pelo pai de Cristian, Rafael Teodoro Rodrigues Neto, de quem herdou a veia empreendedora, tendo como atividade a fabricação de filtros. Depois de três décadas no mercado argentino, pai e filho vislumbraram o potencial do vizinho. “Ao participar de feiras Automotivas como Automec [Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços] e Autopar [Feira de Fornecedores da Indústria Automotiva], verificamos que dificilmente conseguiríamos ter sucesso neste mercado sem nos instalar no Brasil”, explica o CEO.
As dificuldades
Primogênito de quatro irmãos, foi consenso que Cristian Rodrigues Neto era o membro da família mais adequado para conduzir os projetos do grupo R. Neto SA fora da Argentina. Assim, em 2002, os negócios da Wega Motors iniciaram-se, sob a condução de Neto, no município pernambucano de Escada, distante cerca de 60 km de Recife. Na cidade, foi instalado um centro de distribuição dos produtos vindos da matriz, oriundos da Zona Franca de Buenos Aires. Naquele momento, a Argentina passava por uma grave crise econômica e o dinheiro para as operações no Brasil era escasso, conforme descreve o dirigente. “O nosso primeiro investimento real no Brasil foi de R$ 23 mil, quando compramos um carro popular com o qual eu pude ter mobilidade, e o restante veio de empréstimos”, relembra. E o ingresso no mercado brasileiro não pareceu promissor: nos primeiros 12 meses a Wega amargou prejuízo.
Além disso, a adaptação ao Brasil também não foi fácil. Na época em que se mudou para Pernambuco, Neto trouxe consigo a mulher e até então única filha. “Não tínhamos ninguém aqui, nem familiares nem amigos. Foi mais difícil para a minha esposa, já que eu passava o dia inteiro trabalhando e ela estava neste mundo totalmente novo e diferente, e ainda com uma criança pequena”.
Em Escada, problemas de infraestrutura e de localização contribuíram para tornar o panorama ainda mais desanimador. A Wega estava situada no Distrito Agroindustrial, com um bom galpão que atendia com sobra as suas necessidades (área de 2 mil m2). Por outro lado, ali havia apenas mais uma empresa, a segurança era precária, o acesso à internet difícil e caro e até mesmo animais conviviam com as atividades. “Lembro que uma vez tivemos de matar uma cobra no estoque”, conta Cristian.
A epopeia em que se transformou a chegada da primeira leva de produtos da empresa no Brasil é narrada em detalhe pelo CEO da Wega. O primeiro contêiner que receberam, em setembro de 2002, continha velas de ignição e chegou ao galpão por volta da meia noite. Neto descarregou-o juntamente com o segurança da empresa e o motorista que trouxe a carga, e o trabalho acabou quase 3h da manhã. “Estávamos mortos de cansaço [risadas]”. A saga, porém, não havia terminado. “Depois disso, ainda tive que voltar dirigindo pela BR-101, cheia de buracos e escura, até minha residência em Recife”, conta, concluindo a descrição da aventura.
Somado a todas essas adversidades, havia ainda o problema do alto nível de inadimplência dos novos clientes brasileiros, ao qual a Wega precisou adequar-se selecionando melhor a freguesia, a fim de fugir dos maus pagadores.
A virada
Diante de tal cenário, a Wega Motors repensou sua atuação e acabou mudando o centro de distribuição para Recife, onde os negócios começaram a melhorar, pois Cristian e a enxuta equipe tinham ali mais tempo para se dedicar à produção, e a infraestrutura, como um todo, era melhor. Outro fato que ajudou na virada da empresa incidiu na adesão ao Programa de Desenvolvimento de Pernambuco (Prodepe), benefício fiscal cedido a empresas industriais ou comerciais atacadistas que se instalam no estado nordestino.
A grande virada, contudo, na visão de Cristian, consistiu na compreensão e estruturação do departamento de vendas da Wega segundo a lógica do mercado brasileiro, que difere do argentino, principalmente pela extensão geográfica de nosso país. Até então, as vendas estavam centralizadas em Neto e se fazia necessária uma adaptação. Assim, por recomendação de parceiros, acabou por contratar uma pessoa para gerenciar o departamento comercial, o que se mostrou decisão acertada. “Lembro que, a partir daí, começamos a sair do vermelho e a coisa começou a funcionar, porém, com um faturamento ainda pequeno”, afirma o dirigente.
Com tal organização, as vendas cresceram gradativamente e o galpão de Recife, com 750 m2, passou a não suportar mais a demanda. Surgia, naquele momento, a necessidade de expandir a presença da Wega Motors no Brasil.
O crescimento (e os novos desafios)
Com o faturamento batendo a casa dos R$ 400 mil por mês, a unidade de Recife já se mostrava incapaz de suprir todos os pedidos e, a partir de então, a Wega considerou a possibilidade de instalar um segundo Centro de Distribuição no Sul do Brasil, o que ocorreu em 2006. O local escolhido foi Santa Catarina, mais precisamente Balneário Camboriú, na região do Vale do Itajaí, em um galpão com pouco mais de 1 mil m2.
Com o crescimento, Cristian Rodrigues Neto passou a administrar as duas sedes, distantes mais de 3 mil km dentro do território brasileiro, e novos desafios apareceram. “Em Santa Catarina, formamos uma equipe praticamente do zero, e o número de funcionários praticamente dobrou; os custos cresceram, o que implicava em aumento das vendas; e, atuando em estados diferentes, estávamos sujeitos a contabilidade distintas”, lista o executivo da corporação.
O projeto em Santa Catarina, no inicio, foi modesto e representou mais uma transição, atendendo apenas a clientes dentro do próprio estado. Com a solidificação das atividades, passou a centralizar as vendas, num primeiro momento, de toda a região Sul do Brasil para, na sequência, congregar também contratos das regiões Sudeste e Centro-Oeste. Por fim, o Centro de Distribuição da região de Itajaí tornou-se de fato a matriz, e Recife a filial para atendimento a clientes do Norte e Nordeste.
Com os dois CDs funcionando, a Wega teria de se reestruturar de forma geral. Primeiramente, os custos aumentaram consideravelmente e o desafio agora era aumentar as vendas e atingir uma participação razoável no mercado nacional. Foi fundamental contratar uma agência de marketing e investir sem medo, de acordo com Neto. “Investimos em folhetos, catálogos, canetas, desenvolvemos nosso site no Brasil e começamos a fazer publicidade em revistas especializadas e, timidamente, merchandising”, sintetiza o CEO.
A participação em eventos de forma profissional mostrou-se, igualmente, peça importante para o posicionamento da companhia. “Continuamos presentes nas diferentes feiras automotivas, porém com estandes cada vez mais profissionais e espaço maior para receber nosso pessoal, inclusive representantes, e clientes e potenciais clientes”, acrescenta. Já internamente, a Wega dividiu-se em departamentos, criando áreas que não existiam, tais como contabilidade, recursos humanos, tecnologia da informática, comércio exterior, qualidade, e as tarefas administrativas em tesouraria, contas a pagar e contas a receber.
Com todas essas ações e um forte investimento em estoque, as vendas tiveram incremento, e o galpão de Camboriú tornou-se insuficiente. Paralelamente, as vendas em Recife também aumentaram. Dessa forma, para ter uma expansão sustentável, a Wega adquiriu seu atual terreno em Itajaí-SC, com 17 mil m2, e em Pernambuco transferiu suas atividades para um galpão maior, ainda em Recife, de 1.800 m2. Simultaneamente, foi estruturado um escritório comercial em São Paulo, com nove pessoas, incluindo um responsável pela área de marketing, dois engenheiros com experiência no setor automotivo e no mercado de filtros e promotores comerciais com experiência no segmento.
O presente (de olho no futuro)
Em 2012, ao completar 10 anos de atuação no Brasil, Cristian Rodrigues Neto e a Wega Motors têm muito a comemorar. Depois de superar as dificuldades e consolidar-se no mercado nacional, a celebração virá com a realização, no dia 18/10 (quinta-feira,) do evento de inauguração de seus novos Centro de Distribuição e Sede Administrativa, localizados no novo terreno de Itajaí.
A cerimônia tem como objetivo principal reafirmar a solidez dos investimentos de expansão da Wega no Brasil, que devem contar também com a instalação de uma fábrica de filtros até 2014. “O Centro Administrativo vem para concretizar uma relação que se iniciou há dez anos e contribuiu para o crescimento econômico de Itajaí e região nesse período”, destaca Cristian.
Segundo o CEO, após a conclusão de todo o projeto de expansão das instalações da Wega Motors no Brasil, os investimentos na região devem alcançar o patamar de R$ 20 milhões e contribuirão para uma maior presença da companhia no Brasil. Além disso, a ampliação da empresa vai contribuir com o mercado de trabalho do município. Devem ser criados, com a conclusão do projeto (que inclui a planta fabril), no total, cerca de 80 empregos diretos. Dessa forma, a Wega reforça sua busca por uma presença mais global, tendo hoje atuação em toda a América Latina e base na Argentina e no Brasil.
Sendo o grande responsável pela operação da Wega Motors no Brasil desde o início, Cristian Rodrigues Neto admite possuir satisfação pelo sucesso alcançado, principalmente por atualmente a empresa faturar milhões após um investimento inicial de módicos R$ 23 mil. Por outro lado, entende que gerenciar a corporação é uma grande responsabilidade. “A cada dia, aumenta a quantidade de famílias direta ou indiretamente dependentes da Wega, e sinto que não podemos nos dar o luxo de errar nas decisões, pois há muitas pessoas confiando em nossas ações”, declara.
Como conselho a outros empreendedores, que, como ele, têm o sonho do próprio negócio, Neto ensina que o aprendizado deve ser diário, e destaca: “É preciso encarar os desafios e estar preparado para receber notícias desagradáveis – tanto economicamente como psicologicamente -, estudar com calma as diferentes variáveis e entender que existem probabilidades de sucesso.
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