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Em que direção segue o desenvolvimento do carro do futuro?

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Ricardo Reimer*

Híbridos, elétricos, sistema flex, downsizing de motores, alumínio, plástico, fibras naturais, nanotecnologia, GPS, comandos por voz. Novidades não faltam quando o assunto é desenvolvimento automotivo. Como tudo na “era da globalização”, tendências surgem a toda hora e logo são ultrapassadas por tecnologias ainda mais inovadoras. Se por um lado isso é ótimo para o desenvolvimento do setor, por outro, dificulta minha ambição de traçar um rascunho do veículo do futuro. Contudo, como um bom engenheiro, fico entusiasmado a cada inovação e isso me leva a imaginar o que vai equipar nossos carros daqui a alguns anos.

Hoje, com a preocupação ambiental em alta, um dos maiores cuidados dos fabricantes é com relação à emissão de poluentes. Para isso, há uma série de motorizações que apresentam alternativas para minimizar, ou até mesmo zerar, o impacto do carro no meio ambiente. Em meio a tantas novidades e discussões, o carro do futuro será uma composição de tudo isso?

Particularmente, creio que o veículo do futuro será a solução para todas as questões em debate hoje. Então, do que precisamos? Além de conforto, temos necessidade de carros leves e menores, mas com performance adequada. Primeiro por conta da mobilidade urbana, depois porque automóveis mais leves consomem menos combustível e, consequentemente, emitem menos poluentes. Para reduzir o peso, atualmente, a indústria estuda a aplicação – em alguns casos até já aplica – de novos materiais ao veículo, como o plástico, alumínio e polímeros.

Isso sem falar que esses materiais também trabalham a questão ambiental. O Brasil começa a perceber nos modelos fabricados aqui muita peça em plástico, como para-choque, que é mais leve e facilita a integração no desenho do veículo. Além disso, esse material começa a integrar componentes do motor e do ar-condicionado. Outro componente que também atua nesse sentido são as fibras naturais. Hoje, buscamos um carro que seja 100% reciclável, que conviva em harmonia com a natureza. Assim, sabemos que o carro do futuro será “verde”.

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Atualmente, fala-se muito em reduzir as emissões, contudo, isso não está ligado somente à queima do combustível, mas está relacionado a todo o processo de fabricação do combustível, o chamado “well to whell”. Neste ponto, a tecnologia brasileira do sistema flex leva vantagem em relação aos outros combustíveis, pois se pode usar o etanol como combustível e a plantação da cana-de-açúcar para a fabricação deste etanol, que neutraliza as emissões do CO2, gás causador do efeito estufa. Aqui no Brasil, pelo menos nos próximos 10 anos, essa tecnologia continuará dominando o mercado, pois o nosso etanol é barato e atua para o equilíbrio do meio ambiente.

Também podemos perceber que cada vez mais tecnologias de segurança são incorporadas ao veículo. No Brasil, demos um importante passo neste aspecto com a obrigatoriedade do airbag e dos freios ABS, que devem sair de fábrica em todos os carros a partir de 2014. Com a imposição da lei, a indústria ganha em volume e, com isso, reduz o custo da fabricação do produto.

Mas já vemos novos e importantes desenvolvimentos que visam a segurança dos motoristas e passageiros, principalmente no exterior, como os sistemas de frenagem de segurança, em que o veículo freia automaticamente quando se aproxima de outro veículo. Outra tecnologia é o Lane Keeping Assistance, que pode fazer pequenas conexões de direção quando há iminência de saída da pista. São desenvolvimentos que um dia veremos nos automóveis fabricados no Brasil, o que significa mais segurança e menos acidentes.

A evolução também é forte na área da eletrônica, como no motor, que avança para otimizar o consumo de energia e combustível. Os veículos do futuro deverão ter grande número de tecnologias embarcadas, que aumentam a interação do carro e passageiros com sistemas de informações virtuais, indicando rotas e caminhos alternativos para os congestionamentos e gerando maior interatividade com o motorista e demais veículos.

Por fim, ressalto ainda a nanotecnologia, uma revolução no setor. Hoje, todas as grandes montadoras desenvolvem pesquisas na área, com aplicações em novos materiais, sistemas de energia, sistemas inteligentes e nanoeletrônica. Sua aplicação pode trazer benefícios até para as questões ambientais, ao facilitar a reciclagem de componentes e ajudar na redução do peso do veículo.

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Os desafios do carro do futuro no Brasil? O País precisa ser rápido no desenvolvimento de novas soluções, materiais e garantir volume, a fim de obtermos preços competitivos. Quando os primeiros veículos começaram a aparecer com ar-condicionado, era uma tecnologia para poucos, devido ao custo elevado. Mas, ela foi popularizada e ganhou volume de produção.

O Brasil deve investir em inovação, só assim melhora a sua competitividade. E uma amostra deste futuro estará aberta no Congresso SAE BRASIL 2009, de 6 a 8 de outubro, em São Paulo. Lá, as maiores novidades tecnológicas da área estarão expostas, e com muito debate em torno da mobilidade do futuro sustentável.

* Eng. Ricardo Reimer é presidente do Congresso SAE BRASIL 2009