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Campo de Provas da Cruz Alta da GM do Brasil completa 35 anos em 2009, com muita história para contar

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Uma série de acontecimentos se mistura com a carreira de muitos funcionários, como a do vice-presidente de engenharia da região da LAAM, Pedro Manuchakian

O Campo de Provas da Cruz Alta – CPCA -, da General Motors do Brasil, completa, em 2009, 35 de atividades e com muitos motivos para comemorar. Localizado em Indaiatuba, a 110 quilômetros de São Paulo, numa área de cerca de 12 milhões de m2, o CPCA acaba de anunciar os primeiros resultados de mais uma onda de investimentos da ordem de US$ 100 milhões. O investimento também inclui a expansão do Centro Tecnológico e o Centro de Design da GM do Brasil em São Caetano do Sul (SP).
Esse valor foi aplicado na construção de uma pista de testes para validação de veículos e a ampliação física e de número de equipamentos de diversos laboratórios experimentais. Chamada de “Black Lake”, a nova área foi construída para o desenvolvimento e validação de sistemas de freios ABS, sistemas eletrônicos de estabilidade e controle de tração, direção, pneus e suspensão de veículos.
A pista para medição de ruídos internos, capaz de simular diversos tipos de pavimentos, superfícies e níveis de excitação e ruídos dentro dos veículos, atende a todos os requerimentos globais de ruídos e vibrações da GM, igualando-se aos mais avançados centros de desenvolvimento.
O Laboratório de Segurança Veicular, por exemplo, tem agora o “Sled Test”, uma espécie de trenó que faz simulações de impacto veicular; um novo Laboratório Elétrico-eletrônico foi construído, com câmaras climáticas, bancadas para testes em componentes e capacidade para teste de descarga eletroestática; o Laboratório de Ruídos e Vibrações possui um dinamômetro para veículos 4×4 e novas câmaras Reverberante e Anecóica, para validar qualidade sonora dos veículos; e o Laboratório Estrutural recebeu um simulador de pistas para avaliação estrutural mais completa dos modelos.
Nessas mais de três décadas de existência, o CPCA reúne uma série de acontecimentos que se confundem com a história de funcionários (antigos e atuais), que se esmeram para consolidá-lo como o principal campo de provas da América Latina e um dos três maiores do mundo.
O engenheiro Pedro Manuchakian, por exemplo, foi o primeiro diretor do CPCA e atual vice-presidente de engenharia da Divisão LAAM da GM, que engloba as Regiões da América Latina, África e Oriente Médio. Com 38 anos de General Motors, o executivo acompanhou todo o processo de crescimento do CPCA, além de chefiar equipes de engenheiros que desenvolveram e validaram veículos Chevrolet de sucesso no mercado nacional.
Entre eles, o Chevrolet Chevette, que embora tenha sido um projeto alemão, tinha no Brasil uma transmissão diferente, desenvolvida pela engenharia da GM do Brasil. Outros veículos validados com a participação de Pedro Manuchakian foram o Kadett, caminhões e picapes Chevrolet (D20, D40, D60 e D70), Chevette Marajó, todas as versões do Opala, inclusive a Caravan, Omega, Vectra, Novo Corsa e Montana, Meriva e tantos outros.
“Fazíamos os primeiros testes nas próprias estradas de terra da então fazenda, onde ainda estava sendo construído o Campo de Provas”, conta o executivo. “Para se ter uma idéia, uma pequena garagem era um pequeno escritório dos engenheiros”, lembra, com saudade dos tempos de “acampamento”.
Pedro Manuchakian recorda que as primeiras pistas inauguradas foram a de durabilidade acelerada e a reta, ainda em meados dos anos 70. A primeira expansão veio em 1982, quando foi construída a maioria das pistas e o Laboratório de Emissões.
O primeiro crash test foi de um Chevrolet Caravan
Outro fato marcante lembrado pelo executivo foi a inauguração, em 1985, da área para teste de impacto em barreira fixa. “Fizemos um grande evento com a imprensa, que assistiu ao crash test bem-sucedido da Caravan”, conta. “Até hoje já fizemos aproximadamente 2.000 testes de impacto no CPCA”, acrescenta.
Ele também acompanhou, em 1988, a aprovação do projeto da pista circular que até hoje simula uma “reta sem fim”, permitindo realizar testes de elevada velocidade e acúmulo de quilometragem dos veículos em menor espaço de tempo. Hoje a pista tem 4,3 quilômetros de extensão, com inclinações que variam de 4,2% a 56,6% e diâmetro de 1.400 metros.
O executivo também comandou o desenvolvimento de tantos equipamentos avançados tecnologicamente, cada um para sua época, tais como o freio a disco nas 4 rodas para o Opala, tanque de plástico para o Opala e Kadett, e a direção Servotronic para o Opala.
Em 1995, Pedro Manuchakian foi trabalhar na engenharia da General Motors nos Estados Unidos e junto com outros engenheiros brasileiros desenvolveu a picape Silverado, que seria lançada no Brasil. “Tínhamos experiência em projetos de picapes, desde a D20 e ainda da S10, que foi validada para rodar no Brasil com a participação de um time de brasileiros”, acrescenta.
Meriva foi o grande desafio da engenharia experimental brasileira
De volta ao Brasil, já como diretor geral de engenharia experimental, a quem o Campo de Provas estava subordinado, Pedro Manuchakian foi nomeado para liderar um dos projetos mais desafiadores de sua carreira: o Chevrolet Meriva. “Foi nosso primeiro projeto global, desenvolvido pela engenharia brasileira. Um veículo que é também feito na Europa e roda em diversos países do mundo. Foi a nossa ‘maioridade’ na engenharia de produto, onde mostramos que somos capazes de fazer e desenvolver produtos globais”, comenta.
Ao olhar para o passado do Campo de Prova da Cruz Alta, Pedro Manuchakian mira o futuro. “O CPCA era um campo de provas regional com algumas pistas que representavam as condições e modo de dirigir brasileiros. Hoje, temos orgulho de ter um campo de provas de nível mundial”, comemora.
O executivo também destaca a capacidade do Campo de Provas da Cruz Alta de “federalizar” veículos, ou seja, preparar um modelo já fabricado em um determinado país, para que ele possa atender a requisitos legais americanos, como os níveis de emissões de poluentes, segurança veicular, calibração de suspensão e validação, entre outros aspectos.
O CPCA participou da “federalização” de vários veículos, entre eles o Hummer H3G, Saturn Astra e do desenvolvimento do Hummer H3T. Um exemplo claro disso é a capacidade da Engenharia brasileira de projetar aqui um veículo de origem norte-americana para rodar em países com mão inglesa, ou seja, com volante do lado direito, como os da Grã-Bretanha, África do Sul e Japão.
Preocupação ecológica desde o início das atividades
A preocupação com a ecologia também faz parte da história do CPCA desde o início de suas atividades, seja na fauna e flora, seja no tratamento de efluentes. São mais de 450 mil árvores fruto de reflorestamento, mais uma reserva de mata atlântica intocada.
Com relação à fauna o CPCA tem capivaras, pássaros de várias espécies (entre eles o Tucano), entre outros animais. A água potável é proveniente de poços artesianos, que garantem a autonomia do CPCA (não depende do fornecimento externo); há também uma estação de tratamento de efluentes, que permite que o Campo de Provas da Cruz Alta trate 100% de seu esgoto (a qualidade da água descartada tem 95% de pureza).
Fato curioso é que nos primeiros anos, havia muitas cobras na área, mas uma delas virou mascote e até hoje faz parte do logotipo do uniforme dos funcionários do Campo de Provas. Era uma jiboia, logo apelidada de Doroteia, que durante anos pôde ser vista diariamente tomando banho de sol nas proximidades das pistas (ela comia outras cobras menores e venenosas).
Pedro Manuchakian acrescenta que as cobras peçonhentas capturadas no CPCA seguiam para o Instituto Butantã, em São Paulo, que tinha um convênio com a GM, para fornecimento de soro antiofídico para os funcionários, em caso de acidente.
CPCA é referência internacional em tecnologia
O CPCA da GM do Brasil é uma referência internacional em tecnologia. Todos os veículos da marca Chevrolet lançados pela General Motors do Brasil passam, obrigatoriamente, por exaustivos testes de desenvolvimento, durabilidade e validação, cujo objetivo sempre é aprimorar o desenvolvimento dos veículos, melhorar a qualidade e garantir a segurança dos produtos Chevrolet, visando sempre alcançar a plena satisfação dos clientes.
O CPCA possui cerca de 500 colaboradores, engenheiros e motoristas/mecânicos que rodam mais de 8 milhões de quilômetros por ano, o equivalente a onze viagens de ida e volta entre a Terra e a Lua, considerando os mais variados testes lá realizados, cujos dados são captados por sofisticada instrumentação e minuciosamente analisados em seus laboratórios.
As pistas do CPCA reproduzem os melhores e piores caminhos que um veículo pode percorrer nas ruas e estradas brasileiras e dos países para onde os produtos da GM do Brasil são exportados. Lá os testes são feitos em pisos irregulares de vários tipos, com asfalto perfeito, buracos, retas, curvas de alta e de baixa velocidades, valetas, lombadas, terra, lama e pedriscos.
Na parte dos laboratórios, o CPCA possui o que existe de mais moderno no mundo, nas áreas de segurança veicular, ruídos e vibrações, sistemas elétrico-eletrônicos e estruturais.
Veículos desenvolvidos e certificados em harmonia com o meio ambiente
O Campo de Provas da Cruz Alta lembra um bem cuidado parque ecológico, com a mesma atmosfera de calma, verde exuberante e sol quase o ano todo. Desde a sua compra em 1972, a GM tenta preservar, na medida do possível, as características do local.
Estão lá, intactos, os velhos casarões da antiga fazenda habitados durante 25 anos pela família Waldemarin, ex-proprietários, e as casas ocupadas pelos colonos. Pistas, laboratórios, escritórios e oficinas foram erguidos de maneira a não romper o equilíbrio natural, preservando a fauna e a flora locais. Para evitar acidentes, foram construídas cercas ao longo das pistas, a fim de preservar os animais nativos, como cobras, veados, capivaras entre outros.
A preocupação da GM com o meio-ambiente pode ser comprovada pela imensa área verde e a floresta natural pertencente à Mata Atlântica, que não foram afetadas, e há atividades agrícolas concentradas na produção da noz macadâmia e milho, em substituição ao café que era plantado no local no passado.
Esta cultura, lembra Pedro Manuchakian, foi trocada pelas macadâmias, depois de uma geada que resultou em significativo prejuízo ecológico. Atualmente, há uma empresa que administra a cultura da macadâmia e ajuda na preservação dos recursos naturais do local.
Aos 62 anos, Pedro Manuchakian tem uma longa história profissional e pessoal com a General Motors. Paulistano, casado e pai de duas filhas, formou-se em Engenharia Mecânica Automobilística em 1968 e em Engenharia de Produção em 1970, pela FEI – Faculdade de Engenharia Industrial, está na Engenharia de Produtos desde 1971. Hoje, como vice-presidente de Engenharia de Produtos das Operações da América Latina, África e Oriente Médio coordena, juntamente com seus Diretores as áreas do Centro Tecnológico, Engenharia Experimental e Engenharia do Campo de Provas da Cruz Alta.
No final do ano passado, recebeu o prêmio de “Personalidade do Ano da Indústria Automotiva”, concedido pela SAE Brasil (Sociedade de Engenharia Automotiva). Pela segunda vez, em um período de 15 anos, o prêmio foi recebido por algum executivo da General Motors.
Pedro Manuchakian tem sob sua responsabilidade o desenvolvimento de novos projetos, sua adequação ao mercado, e o compromisso de estar fazendo um produto de qualidade para o consumidor Brasileiro. Atualmente, entre tantos desafios de sua carreira, está envolvido diretamente no projeto “Viva”, que vai resultar em uma nova família de veículos Chevrolet no Brasil.