GURGEL, um brasileiro de fibra

Morreu nesta última sexta-feira, aos 82 anos, João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, criador da extinta Gurgel. Sua história e trajetória estão registradas no livro Gurgel, um brasileiro de fibra, publicado pela Editora Alaúde

Se há alguém acreditou no Brasil, esse é João Augusto Conrado do Amaral Gurgel. Ao longo de mais de 25 anos, e talvez contra todas as expectativas e circunstâncias, produziu mais de 40 mil veículos genuinamente brasileiros, perseguindo e concretizando seu sonho de construir um carro e uma indústria automobilística 100% nacionais.

“Alinhados, os carros que Gurgel construiu fariam uma fila de 120 quilômetros, ligando São Paulo a São José dos Campos, por exemplo. E renderiam hoje pelo menos 900 milhões de reais.”, contabiliza Lélis Caldeira, autor desta biografia de Gurgel, que traz o registro de todos os seus sonhos, e conquistas.

Considerado o Tucker – o americano que ousou desafiar o cartel GM-Ford – brasileiro, João Augusto do Amaral Gurgel construiu uma fábrica enorme em Rio Claro, fez carros elétricos, jipes militares, construiu motores, exportou.

De personalidade controversa, reverenciado por muitos e criticado por tantos outros, Gurgel não se furtou a deixar claras e definidas suas posições e opiniões, o que certamente incomodou muita gente. Esse engenheiro saído da Escola Politécnica e refinado na Ford americana, é reconhecido pelo seu pioneirismo e inovação na indústria automobilística brasileira.
Por tudo isso, é de fundamental importância registrar sua vida e obra, o que fez brilhantemente Lélis Caldeira neste livro

“Ele protagonizou uma história que veio de um sonho, em que pese ser difícil sonhar grande no Brasil. E eu, Lélis Caldeira, jornalista, descrevi esse grande sonho num singelo livro, contanto essas e mais outras da genial figura”.

Se gênio ou visionário, empreendedor ou utópico, bem-sucedido ou fracassado, não cabe aqui julgar. Mas não há dúvidas de que João Gurgel faz parte do rol das pessoas de fibra, que são lembradas por fazerem a diferença e marcarem o caminho por onde passaram.