Desembaçador traseiro pode salvar vidas
Luso Ventura*
O desenvolvimento da indústria da mobilidade vem sendo alavancado, principalmente, para a redução das emissões e o aumento da segurança. O Brasil tem o Proconve, um programa consistente e evolutivo para a redução das emissões. Mas, em segurança, ainda estamos longe de alcançar o modelo ideal. Não pelo desenvolvimento tecnológico, porque há algumas décadas os veículos têm recebido atenção em seu projeto para garantir ainda mais proteção, mas pela falta de aplicação destes sistemas nos automóveis, principalmente nos carros populares.
Recentemente, tivemos dois grandes ganhos neste sentido, com a obrigatoriedade do airbag e dos freios ABS nos carros que saem de fábrica, inclusive modelos importados. São tecnologias de grande importância na promoção da segurança passiva. O uso do airbag junto com o cinto de segurança consegue reduzir danos corporais e mortes em colisões, enquanto que o freio ABS é uma solução para algumas das principais causas de acidentes nas estradas e trechos urbanos: derrapagens e travamento das rodas em frenagens de emergência, quando o motorista tenta evitar uma colisão. Agora, o projeto de lei 4979/09 vem para reforçar este aspecto da segurança, ao tornar obrigatório o desembaçador de vidro traseiro em todos os veículos fabricados. Deveria ter vindo antes!
Este componente é até muito simples e barato quando comparado com o airbag e o ABS, e essencial para a boa visão, principalmente à noite, em dias de chuva ou muito frio, quando os vidros ficam embaçados aumentando a possibilidade de acidentes. O desembaçador traseiro funciona por meio de filetes de cobre estampados no vidro e, quando se aciona o botão no painel, a corrente elétrica passa por esses filetes, causando aquecimento e fazendo com que as gotículas de água, que embaçam o vidro, se evaporem, melhorando a visibilidade do motorista. Sua aplicação em larga escala não elevaria em demasiado o preço dos automóveis, que sairiam da fábrica já com o produto.
Então, se há tecnologias que ajudam a garantir segurança aos condutores e passageiros, elas devem ser aplicadas na prática. O cinto de segurança é o nosso grande exemplo. O acessório não era obrigatório até 1994 e, desde então, ajudou a reduzir consideravelmente o índice de acidentes com vítimas fatais ou com lesões graves. Lembro que na época foi falado que a obrigatoriedade do cinto colocaria em cheque a liberdade de escolha do motorista. Mas, com o passar do tempo, o próprio motorista percebeu que o uso é importante para a sua segurança. Dados da CET mostram que 94% dos motoristas usam este equipamento.
Portanto, se o projeto de lei for aprovado, será mais um ganho para a vida do brasileiro. Toda a tecnologia disponível para segurança deve ser disseminada para tirar o Brasil da triste lista dos que lideram os acidentes de trânsito.
*Luso Ventura é engenheiro e diretor de Comissões Técnicas da SAE BRASIL