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Kimi Räikkönen troca a Fórmula 1 pelo rali
Finlandês é exemplo da mudança dos tempos no esporte
Texto: Edmur Hashitani
Foi anunciado na semana passada que o campeão mundial de F1 Kimi Räikkönen, competirá no Mundial de Rali na temporada 2010, representando a Citrôen. Ele, que chegou a participar de algumas corridas da modalidade este ano, já havia dito que se afastaria da F1 – ainda que temporariamente – após ser demitido da Ferrari.
Kimi sempre foi tido como alguém que, aparentemente, não levava as competições tão a sério. Apreciador de boas festas, regadas à álcool, também não fazia lá muita questão de melhorar sua imagem. Tanto que, durante a etapa da Malásia deste ano, enquanto a prova estava interrompida em função das chuvas e a maioria dos pilotos aguardava a definição de se a corrida seria, ou não, reiniciada, o finlandês foi flagrado pelas câmeras de bermuda, tomando um picolé no box ferrarista.
Mas, sua transferência para o rali pode nos mostrar algumas coisas. Umas parecem óbvias, outras nem tanto. A primeira delas, especula-se, indicaria o seu futuro na própria Fórmula 1. Seu principal patrocinador será a empresa de bebidas Red Bull, dona da equipe de mesmo nome.
Indo mais além, mostra que a Fórmula 1 moderna está cada vez mais fadada a pilotos pré-moldados, que se comportam bem diante das câmeras e, principalmente, dos patrocinadores.
Kimi era, ou ainda é, uma exceção em praticamente todo o grid. E dava sinais de estar ficando entediado de toda a paparicação e excessos de cuidados que o cercavam. Desinteressado, nem seu título mundial e nem seu visível talento foram o suficiente para mantê-lo na Ferrari.
No entanto, o grande problema não está na forma em que a carreira de um ou outro é afetada pelo desinteresse, mas sim, quando este mesmo desinteresse começa a atingir o público da categoria. Quando o esporte passa a ser deixado de lado para atender a cada vez mais interesses comerciais, corre-se o risco de torná-lo chato. E é o que está acontecendo, aos poucos, com a F1.
A competição é deixada de lado quando seus organizadores pensam mais em fazer negócios e alcançar novos acordos. Cada vez mais, as provas chegam a países sem tradição alguma no automobilismo, mas com dinheiro o suficiente para pagar. O resultado em médio prazo não é dos melhores, com arquibancadas cada vez mais vazias nestes lugares. Vide a etapa chinesa deste ano.
Para ajudar, os novos circuitos não ajudam em nada a competitividade. Quase a totalidade dos projetos que chegam à categoria é de pistas travadas e com pontos de ultrapassagens praticamente inexistentes. Assim, a cada autódromo incluído, uma fila de carros substitui a corrida de verdade.
Isso tudo, somado às constantes mudanças de regras e excesso de punições, dificulta o entendimento do esporte por quem realmente o alimenta. O público.
Para o ano que vem, novas mudanças virão. A princípio, seria o fim do reabastecimento, que por si só, mudará bastante. Agora, a proposta é de alterar a pontuação, passando a premiar dez pilotos e não mais oito. A justificativa é que, com a adição de novos times, isso os daria mais chances de pontuar.
Resta saber se com todas estas mudanças, o esporte reviverá ou continuará a realizar eventos luxuosos para os empresários e entediantes para quem assiste. Ou pilota.
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