Os fabricantes e importadores terão que realizar a certificação compulsória de seus produtos
Texto: Mauricio Ferraz de Paiva*
Dessa forma, a certificação será obrigatória para autopeças de reposição, ficando isentos da obrigatoriedade os componentes para linha de montagem, recall e de veículos de produção descontinuada fabricados até 31 de dezembro de 1999. Os prazos para que o mercado se adapte às novas regras são: janeiro de 2013, a partir desta data, todos os amortecedores fabricados e importados devem ser certificados; julho de 2013: prazo final para a comercialização dos amortecedores não certificados em estoque para fabricantes e importadores; julho de 2014: o varejo tem mais tempo para adequar os estoques. Assim, a medida entra em vigor após 36 meses da data de publicação da portaria. A partir desta data, todos os produtos vendidos ao consumidor devem ostentar o selo de certificação.
A NBR 15830 de 04/2010 – Veículos rodoviários automotores – Amortecedor da suspensão – Classificação, terminologia e identificação define amortecedor como o dispositivo, geralmente hidráulico, utilizado para amortecer ou reduzir as oscilações da suspensão durante sua movimentação, com o objetivo de manter os pneus em contato com o solo para proporcionar maior estabilidade, conforto e segurança. Na realidade, o amortecedor e o sistema de suspensão são considerados como apenas um elemento. São dois componentes totalmente diferentes que trabalham em conjunto, um complementando o trabalho do outro.
A suspensão tem as seguintes funções: manter o nível correto da altura do veículo; reduzir o efeito de impacto das ruas e estradas; manter o alinhamento correto do veículo. A suspensão geralmente é composta por elementos flexíveis que absorvem os movimentos da roda. Essa flexibilidade pode, por exemplo, submeter o chassi a movimentos verticais brutos e movimentos de rolagem (transferência de peso), resultando em instabilidade. É aí que entram os amortecedores: eles foram desenvolvidos justamente para controlar e reduzir os movimentos verticais brutos e movimentos de rolagem do veículo.
Os primeiros amortecedores usavam o atrito produzido entre dois braços de metal separados por um isolante de borracha. Hoje, o avanço tecnológico e a constante pesquisa da Monroe proporcionam aos motoristas amortecedores telescópicos, hidráulicos e pressurizados, com regulagens manuais e eletrônicas de altura e carga (pressão) perfeitamente integrados com o projeto de suspensão dos veículos que tem uma função importantíssima no automóvel. É ela que absorve por meio dos seus componentes todas as irregularidades do solo e não permite que trancos e solavancos cheguem até os usuários. Também é responsável pela estabilidade do automóvel. Os principais componentes do sistema de suspensão são: molas, amortecedores, barras estabilizadoras, pinos esféricos (pivôs) e bandejas de suspensão.
Sem as molas e os amortecedores que permitem a movimentação controlada do sistema, o desconforto seria muito grande, principalmente em pisos irregulares. Isso sem falar na vida útil do veículo, que diminuiria muito com os fortes impactos sofridos. Com os impactos transferidos para o veículo, há sofrimentos tanto do usuário como para o automóvel. No automóvel podem vir a causar trincas na sua estrutura, que praticamente comprometeria todo o veículo. Outro problema seria aqueles incômodos ruídos do painel do automóvel, que com a vibração e os impactos sofridos, aumentariam em muito.
A energia absorvida pelas molas é liberada por meio de oscilações, o que também gera desconforto, além de comprometer a segurança, já que durante as oscilações, há perda de aderência das rodas com o solo, o que torna perigoso a condução do veículo, principalmente nas curvas. É aí que entra a função dos amortecedores. Eles limitam as oscilações, frenando a abertura e fechamento da suspensão, tornado a dirigibilidade muito mais segura e estável, afinal de contas, pular é para canguru. Os amortecedores podem ser de três tipos, o convencional, o pressurizado e o eletrônico. O amortecedor convencional ou amortecedor hidráulico é constituído por um conjunto de pistão e válvulas, fixado a uma haste que se move dentro de um tubo com óleo específico para altas temperaturas e pressões.
Assim, as molas e os amortecedores trabalham em conjunto. A mola absorve os impactos sofridos pelas rodas e os amortecedores seguram a sua distensão brusca, evitando oscilações no veículo. Nos veículos leves, a maioria das suspensões utilizam a mola helicoidal, que é formada por uma barra de aço enrolado em forma de espiral. Existem também outros tipos de molas, como as barras de torção (utilizado nos veículos VW como o Fusca, a Brasília, etc) e as semielípticas (utilizadas em veículos de carga).
A mola helicoidal pode trabalhar tanto na dianteira como na traseira do veículo. Seu posicionamento na suspensão depende da sua construção e estrutura. Entre os tipos de suspensões mais utilizadas no Brasil estão as do tipo Mc Phearson e as de duplo triângulos, ambos com suspensões independentes. E o que ocorreria com o veículo se não houvessem os amortecedores? As molas quando comprimidas pela ação das suspensão, tende a voltar para sua posição normal. Assim, quanto maior for o impacto sofrido, maior e mais violenta será a sua compressão. A distensão da mola ocorre na mesma intensidade, fazendo com que o veículo fique oscilando. Isso é totalmente prejudicial à estabilidade do automóvel.
As válvulas regulam a passagem do óleo, controlando a velocidade da haste. O controle de fluxo de óleo durante a abertura e o fechamento da suspensão é o que caracteriza a dupla ação dos amortecedores. Um amortecedor hidráulico funciona muito bem, mas em condições severas, a velocidade de acionamento dos pistões se eleva tanto que o óleo não consegue acompanhá-lo, ocasionando um vazio e bolhas de ar logo abaixo do pistão. Estes fenômenos são chamados de cavitação (vazio) e espumação (bolhas de ar), e provocam pequenas falhas no amortecimento. Quando a temperatura volta ao normal, o amortecedor também volta a operar normalmente. Em condições de uso normal, a cavitação e a espumação não acontecem.
Embora a vida útil de um amortecedor seja bastante longa, deve-se fazer uma revisão a cada 40.000 quilômetros. Sinais de vazamento e excesso de oscilações no veículo indicam que os amortecedores já estão vencidos. Lembre-se, é a sua segurança que está em jogo, além do conforto é claro.
O desgaste de um amortecedor é normal com o passar do tempo, pois o constante atrito das peças em movimento acaba desgastando e criando folga entre as partes móveis que compõem o amortecedor. Quando for fazer uma troca de amortecedores, utilize sempre novos. Jamais coloque um amortecedor recondicionado no seu veículo ou do seu cliente. Recondicionar um amortecedor é uma tarefa praticamente impossível, pois, seria necessário trocar todos os componentes internos do amortecedor, o que o tornaria tão caro quanto um novo. Também não existem peças de reposição para isso.
Então, como eles recondicionam os amortecedores? Na verdade, eles não recondicionam e somente furam o cilindro do amortecedor e introduzem um óleo mais grosso, normalmente óleo de motor ou de câmbio. Isso faz com que o consumidor pense que o amortecedor tem eficiência, mas assim que for solicitado, ele deixará de funcionar. Esse é um ato criminoso, pois, além de enganar o usuário, ainda coloca a vida dele em jogo. Existem casos em que nem o óleo é trocado, apenas pintam a parte externa do amortecedor e os colocam em caixas. Amortecedores comprados em desmanches também não devem ser utilizados, pois como saber a sua procedência e as suas condições?
*Mauricio Ferraz de Paiva é engenheiro eletricista, especialista em desenvolvimento em sistemas, presidente do Instituto Tecnológico de Estudos para a Normalização e Avaliação de Conformidade (Itenac) e presidente da Target Engenharia e Consultoria – mauricio.paiva@target.com.br