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“Alta Roda”: Capacidade de ousar
Texto: Fernando Calmon*
No ano passado foram vendidos em todo o mundo cerca de 150.000 carros elétricos puros (a bateria) que corresponderam a apenas 0,2% do total. Por isso, surpreende a aposta de US$ 2,7 bilhões (R$ 6,2 bilhões) da BMW em sua nova submarca “i” (de inovação, integração e inspiração), cujos primeiros produtos são o i3 e o híbrido i8 (dentro de alguns meses). Capacidade de produção inicial será de 40.000 unidades/ano.
Com pré-estreia simultânea em Nova York, Londres e Beijing, o i3 representa um conceito ainda mais ousado por não aproveitar componentes já existentes em veículos convencionais. Até agora, apenas a californiana Tesla abraçou a mesma estratégia, mas seu carro é caríssimo e vendido só em alguns estados americanos. Já o elétrico da marca alemã partiu para outro conceito. Usa, pela primeira vez em grande série, estrutura total da carroceria em fibra de carbono, aparafusada/colada a um chassi de alumínio. É material caro, extremamente leve e 50% mais resistente que o aço.
Todo o carro foi pensado para uso preponderantemente urbano. Seu porte é de um BMW Série 1 com espaço interno do Série 3 e porta-malas de 260 litros equivalente a de um compacto. Monovolume, sem coluna central, suas duas portas traseiras são menores e têm abertura em sentido oposto ao convencional. No estilo chamam atenção a reentrância das janelas traseiras (vidros não baixam) para melhorar visibilidade, o desenho das colunas traseiras e a porta de carga de vidro com lanternas integradas.
Entrar e sair do banco traseiro exige certa adaptação. Sentado atrás, há bom espaço para pernas de dois passageiros (sem previsão para um terceiro), mas há limitações para os pés sob os bancos dianteiros. Na frente, o console não se estende até o painel justamente para facilitar a saída do motorista pela porta direita, conveniente em cidades.
Como se tratava de pré-estreia, não foi possível guiar o carro em Nova York. Ao analisar a ficha técnica, porém, fácil concluir que será extremamente ágil no trânsito. Motor traseiro de 170 cv, peso de apenas 1.195 kg, aceleração de 0 a 100 km/h em 7,2 s e diâmetro de giro de 9,9 m (ótimo em manobras). Distribuição de peso de 50-50% por eixo não deixa dúvida de que se trata de um BMW. Segundo um engenheiro da fábrica, retomar de 30 a 70 km/h (típica de uso urbano) leva pouco mais de 4 s. Centro de gravidade baixo e cambagem negativa nas rodas motrizes traseiras indicam que vencer curvas será puro prazer, apesar dos pneus finos.
Quanto à autonomia, discurso da fábrica é honesto: de 130 a 160 km (até 200 km, em modo de supereconomia); 12 horas para recarga normal a 110 V; carga rápida dedicada de 30 minutos repõe 80% da autonomia (mais de uma vez por mês compromete a vida da bateria). Solução interessante é um motogerador opcional, a gasolina (dois cilindros/34 cv), também traseiro, para estender a autonomia em 140 km. Tanque de nove litros, na frente, reequilibra os 50% de peso em cada eixo.
Vendas do BMW i3 começam na Europa em novembro próximo e a importação para o Brasil, um ano depois. Mantida a tradição premium da marca, esse compacto deve se situar aqui na faixa dos US$ 100 mil (R$ 230.000), se mantida carga fiscal de hoje.
RODA VIVA
LANÇADO em maio de 2010, novo Uno completará quatro anos, em 2014, com tradicional reestilização de meia geração. Início de produção – coluna antecipa – será em maio e vendas, dois meses depois. Mudanças maiores na parte dianteira e, maior novidade, motor de três cilindros. Esta configuração, inexistente até mesmo nos Fiats europeus, estreia no Brasil.
SEMPRE desmentida pela VW, há dúvidas sobre produção no Brasil do Santana chinês (versão esticada do Polo sedã de nova geração). Alguns fornecedores indicaram que a produção só começaria em 2015, outros em meados de 2014. Esta semana, porém, fontes acenaram que a fábrica teria congelado o projeto. Trabalhos estão suspensos e, há quem diga, cancelados.
NOVO Fusion Hybrid evoluiu. Agora baterias de íon de lítio (mais leves, compactas e de maior densidade energética), permitiriam acelerar até 100 km/h em modo puramente elétrico, em teoria. Na prática, só em condições muito especiais. Com motor a combustão de 2 litros/145 cv, preço baixou R$ 9.000,00, para R$ 124.990,00. Consumo Inmetro, cidade: 16,8 km/l com gasolina.
ANFAVEA (fabricantes) e Fenabrave (concessionárias) mantêm números divergentes sobre previsão de vendas este ano. A primeira sustenta possibilidade de crescimento de 3,5 a 4,5%, sobre 2012, se considerados autos e comercais leves e pesados. Mais cautelosa, a segunda acha difícil passar de 2% ou pouco mais, incluídos caminhões e ônibus.
CASO Brasil cresça só 2% este ano, como prevê maioria dos economistas, a bola de cristal da Anfavea pode falhar. Afinal, em julho, média diária de vendas caiu 6,6% sobre junho; estoques totais tiveram só leve melhora de 39 para 35 dias. Positivo foi aumento de exportações graças à reação de mercados externos.
*fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon