As diferenças entre o preço informado e o real do modelo apresentado chegam a R$15.370,00
Texto: Redação*
O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) analisou propagandas de carros de oitos montadoras presentes no país (Citroën, Renault, Fiat, Peugeot, Hyundai, Nissan, Chevrolet e Ford), veiculadas no mês de junho e comparou nos sites de cada empresa o valor correspondente ao veículo que ilustrava o anúncio. Na maioria dos casos, o preço indicado não condiz com as características do modelo apresentado. A diferença de preço entre um e outo varia de R$900 até mais de R$15mil.
Rodas de liga leve, pintura metálica, faróis de neblina, teto solar, GPS etc., são equipamentos opcionais que, em geral, encarecem o preço final do automóvel. No entanto, muitas montadoras ilustram os anúncios dos veículos com essas características, por um preço tentador, mas na verdade, o valor anunciado, na maioria das vezes, é o de um carro mais simples, sem qualquer tipo acessório. Sendo que a informação sobre a verdadeira versão do automóvel se encontra com letras minúsculas, normalmente localizado na parte inferior da página de um jornal ou na tela do televisor.
A maior diferença entre o preço anunciado e o preço real foi de R$15.370,00 encontrada em anúncio da montadora francesa Citroën, modelo Novo C3. A menor foi o valor de R$900,00 no modelo Fiesta Hatch 1.0, da montadora Ford. Procuramos a Citroën e até o fechamento da matéria não houve manifestação.
Para o gerente técnico do Idec, Carlos Thadeu de Oliveira, esse tipo de propaganda pode ser considerada enganosa, “As informações essenciais que influenciam na decisão da compra do produto, como o preço, por exemplo, precisam ser comunicadas com clareza, para não induzir o consumidor a erro”, afirma Oliveira.
Além da diferença de preço, ainda existe o problema das letras miúdas no rodapé do anúncio, que tentam desfazer possíveis interpretações equivocadas. No caso da Nissan March 1.6 S 2013, por exemplo, apenas no rodapé da página eles informam que o valor de R$32.990,00 do anúncio, equivale apenas a modelos fabricados em 2012, com um estoque de apensa três unidades. O preço da mesma versão, mas fabricada em 2013 é de R$35.990, ou seja, uma diferença de R$3mil. Procurada a Nissan informou que “as peças publicitárias que anunciaram as ofertas de seus veículos – March versão 1.6 S -, se referem às últimas unidades de seus modelos 2012 disponíveis nas concessionárias. Como os novos modelos também já estão disponíveis em nossas concessionárias, o anúncio foi veiculado com o objetivo de informar ao consumidor a possibilidade de adquirir um carro mais antigo e mais barato, ou um mais recente, sem oferta”. Esclarece também que “a informação sobre o ano do veículo constava na peça publicitária, que trata-se de uma ferramenta usual de vendas”.
Segundo Oliveira, essa prática das montadoras fere o artigo 37 CDC (Código de Defesa do Consumidor) que prevê que “é enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor”.
Tabela com resultado completo
Como foi feita a pesquisa
Os anúncios foram pesquisados nos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo e nas revistas especializadas Quatro Rodas e Autoesporte, no mês de junho. Foram consideradas apenas as propagandas que informavam algum preço. Anúncios sem ambiguidades, subentendidos e sem diferença de preço entre o carro da foto e o valor informado não foram considerados – ou seja, trata-se de uma pesquisa qualitativa, e não quantitativa, pois o Idec considerou que fornecer informações imprecisas é uma prática comum das montadoras.
O fato de algumas empresas não estarem presentes na pesquisa não quer dizer, portanto, que os anúncios por elas elaborados são sempre precisos em termos de informação, já que a pesquisa se ateve ao que foi publicado no mês de junho.
O Idec também identificou que, não raro, as mesmas campanhas publicitárias aqui avaliadas são exibidas na televisão, com o agravante de os detalhes da oferta “piscarem” na tela por pouquíssimos segundos, o que torna praticamente impossível a total compreensão da mensagem.





