Coluna “Fernando Calmon”: C4 Cactus espeta concorrentes
Fernando Calmon*
Se o mercado de SUVs continua a crescer bastante no Brasil, há razões para apostar em avanços ainda maiores. Entre os de produção nacional o Citroën C4 Cactus, que começa a ser vendido esta semana, demonstra que novas tecnologias também ganham relevância nesse tipo de veículo.
O modelo, de forma clara, demonstra dupla personalidade. Na Europa tem o mesmo nome, mas lá se apresenta como um hatch sucessor do C4. Aqui, o visual muda e não se restringe às barras de teto com um criativo desenho “flutuante”. Vão livre do solo de nada menos 22,5 cm, além de ângulos de ataque (22 graus) e de saída (32 graus), permitem enfrentar traiçoeiras lombadas, valetas e buracos que infestam cidades e até estradas por todo o País.
Seu estilo moderno, mais típico de um crossover, agrada por proporções compactas – apenas 4,17 m de comprimento – que, no entanto, limitam o volume do porta-malas a 320 litros. Por outro lado, 2,60 m de entre-eixos e 1,71 m de largura garantem habitáculo confortável, incluindo bancos dianteiros bem dimensionados e amplo espaço para joelhos atrás. Forro do teto tem leve concavidade dupla (na frente e atrás). Assim, nenhum ocupante raspa a cabeça, embora falte opção de teto solar.
A marca francesa montou um bom pacote de opções de segurança nas versões mais caras: alertas de atenção ao condutor, de saída de faixa, de colisão (detecta veículos e pedestres) e de frenagem automática, além de seis airbags.
O interior tem detalhes de acabamento interessantes. Mescla materiais agradáveis ao toque, apliques de tecido e plástico preto brilhante. Quadro de instrumentos é digital (idêntico ao do C4 Lounge). Até o volante de base achatada e parte superior levemente reta denota cuidados do projeto. Falta queda amortecida da tampa do porta-luvas.
Dois motores estão disponíveis: 1,6 L aspirado, de 118 cv (câmbio automático, seis marchas) e 122 cv (manual); 1,6 L turbo de 173 cv/etanol (apenas automático). Este último, o mais potente do segmento, muda por completo o temperamento do carro, inclusive por fazê-lo acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 7,3 s, acompanhado por um som grave, algo exagerado com o motor em carga.
Um dos pontos altos é o acerto de suspensões, o melhor entre quase uma dezena de concorrentes diretos. Direção precisa e freios a disco nas quatro rodas, outros destaques. Desempenha bem no uso em caminhos sem pavimentação que dispensem sistema 4×4, ajudado pelo controle de tração mais apurado (Grip Control) herdado do Peugeot 2008.
Preços são bastante competitivos: vão de R$ 68.990 a 98.990, em três níveis de acabamento. A marca decidiu valorizar seus modelos usados na troca pelo C4 Cactus e investir em assistência técnica desde carro-reserva para consertos acima de quatro dias ou mimos simples como checar pneus, fazer rodízio e completar níveis de água e óleo sem cobrar.
Para Ana Theresa Borsari, diretora geral do Grupo PSA, a rede de concessionárias Citroën será pró-ativa na venda de revisões a preço fixo até mesmo fora do período de garantia. “O serviço pré-pago tem crescido muito na Europa e pode se expandir também aqui. É o conhecido ‘tudo-incluído’, conceito surgido na hospedagem”, completa.
ALTA RODA
FORD pretende uma gradual eliminação de hatches e sedãs para se concentrar em picapes e SUVs especificamente na América do Norte. Surgem especulações sobre uma picape menor que a Ranger. Teria como base o Focus. Até mesmo a Hyundai já admite oferecer uma picape média no mercado americano em 2021. E por que não fabricá-la também na Argentina?
TENDÊNCIA no mercado brasileiro de aumentar oferta de SUVs com três fileiras de bancos. FCA, por exemplo, terá versões Jeep e Fiat para até sete lugares dentro de dois anos. Nos EUA, onde 40% de todos os veículos leves hoje à venda são SUVs de diferentes portes e usos, a versão de três fileiras do Jeep Cherokee representa nada menos de 60% das preferências.
BRASIL e Argentina resolveram acertar os ponteiros para criar veículos harmonizados aos dois países. Acordo assinado agora em Brasília prevê normais iguais para itens de segurança, eficiência energética, emissões e normatização de autopeças. Resultados não serão imediatos, mas nada impede que fabricantes se adaptem antes com mudanças possíveis.
GOL vai bem com o novo câmbio automático de seis marchas. Forma um conjunto bastante saudável combinado ao motor de 1,6 L e 16v (120 cv/etanol), sem hesitações e aceleração progressiva. Suspensão firme e robusta não mudou. Nova frente (já utilizada na Saveiro) ajuda no visual. Faz falta a direção de assistência elétrica: a hidráulica tem limitações.
DURANTE o inverno vale a dica de utilizar o aquecimento no lugar do ar-condicionado para elevar mais rápido a temperatura do habitáculo. Ainda assim, é melhor não se esquecer de ligar pelo menos uma vez por semana, no mínimo por 10 minutos, o ar-condicionado. Seus circuitos internos precisam de lubrificação para garantir durabilidade ao sistema.
*fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2