Há cem anos, o Dia do Trabalho tornou-se feriado no Brasil. A data de 1º de Maio já era celebrada no país desde a década de 1910, mas, em 26 de setembro de 1924, o então presidente Artur Bernardes publicou o decreto nº 4.859, criando o feriado nacional em homenagem aos “mártires do trabalho”.
Todos os dias, inclusive no feriado, ocorrem mais de sete acidentes com empilhadeiras no Brasil
Desde então, o país avançou muito nas pautas trabalhistas, especialmente na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Hoje, o Brasil não está entre os 50 países com mais acidentes de trabalho no mundo, mas algumas atividades apresentam alta nos indicadores nos últimos anos, entre elas as operações logísticas.
Atualmente, mais de 1 milhão de pessoas sofrem acidentes de trabalho a cada dia, em algum lugar do planeta. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), ocorreram 402 milhões de acidentes não fatais em 2022 e 2,9 milhões de trabalhadores morreram naquele ano, em decorrência de acidentes ou doenças ocupacionais. No total, os acidentes de trabalho geram uma perda global de US$ 4 bilhões por ano, aproximadamente.
Entre os 50 países com maior número de acidentes, em termos proporcionais (para cada 100 mil trabalhadores), há 10 representantes da América Latina, sendo três deles entre os líderes: Costa Rica (1ª colocada no ranking da OIT); Colômbia (5ª posição); Argentina (10ª). Já entre os 50 países com mais acidentes fatais (a cada 10 mil ocorrências), nove são da América Latina, com destaque para Porto Rico (2º colocado); Panamá (12º) e Peru (15º).
Embora o Brasil não figure nessas listas, as estatísticas evidenciam um grande volume de acidentes em operações em logísticas. Segundo o Ministério Público do Trabalho no Brasil, máquinas e equipamentos são os principais causadores de acidentes de trabalho no Brasil, respondendo por 15% do total em 10 anos (entre 2012 e 2022). Somente este grupo respondeu por 780.000 ocorrências no período – uma média superior a 200 acidentes por dia.
Já o Ministério da Saúde do Brasil informa que acidentes com máquinas e equipamentos resultaram em amputações e outras lesões gravíssimas com uma frequência 15 vezes maior do que as demais causas, gerando três vezes mais acidentes fatais que a média geral.
Por esse motivo, o Ministério do Trabalho e Emprego lançou, em abril, a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho 2024, com o tema Segurança em Máquinas e Equipamentos. “Se é verdade que máquinas e equipamentos estão provocando, na escala de acidentes, a maioria deles, alguma coisa está errada lá nas plantas [industriais]. Se a gente não atacar esse processo, não há campanha nem sensibilização que resolva se o equipamento está inadequado”, disse o ministro Luiz Marinho, no lançamento da campanha, que continua até dezembro.
Entre os profissionais que mais se acidentam com máquinas estão os operadores de empilhadeiras, com cerca de 200 afastamentos por mês, ao longo de 10 anos. Já os profissionais que atuam na armazenagem e movimentação de cargas foram vítimas de 250 acidentes a cada mês.
Para completar, entre 2012 e 2022, ocorreram 27.500 acidentes com empilhadeiras no Brasil, uma média de 7,5 a cada dia. “O risco nessas operações pode ser reduzido em 80% ou até eliminado com um processo de mapeamento dos pontos críticos, seguido de segregação do fluxo de pessoas e máquinas, e complementado por tecnologias de segurança, como sensores de movimentação, sistemas de alerta sonoros e visuais e câmeras embarcadas”, explica Afonso Moreira, diretor da AHM Solution, empresa especializada em soluções de segurança e produtividade na logística.
Ele cita como exemplo um sensor que detecta à distância pedestres que estejam usando coletes refletivos, tradicionalmente adotados como equipamentos de proteção individual (EPI). O dispositivo, conhecido como IRIS 860, dotado de laser infravermelho, emite um alerta sonoro quando a empilhadeira se aproxima de uma pessoa com colete refletivo ou de áreas demarcadas com fitas refletivas.