Alpha Serviços: O perigo de dirigir sob efeito de álcool
Levantamento aponta que 94% dos acidentes com vítimas fatais são causados por falhas humanas
O Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran.SP) promove em parceria com o Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, a campanha educativa #FocaNoTrânsito. A ação aborda um tema recorrente que, dia após dia, faz mais vítimas no trânsito: a mistura de álcool e direção.
“Além de colocar em risco a vida do próprio motorista, dirigir alcoolizado ameaça também as pessoas ao redor. A bebida reduz os reflexos e a capacidade de reação do condutor. Dirigir exige máxima atenção, e somente com senso de responsabilidade e engajamento de todos podemos ter um trânsito mais seguro e humano”, ressalta Maxwell Vieira, diretor-presidente do Detran.SP.
A iniciativa faz parte do Maio Amarelo, cor que remete à atenção e, por isso, foi adotada internacionalmente para representar o mês voltado à segurança no trânsito. De acordo com relatório de 2015 da Organização Mundial da Saúde (OMS), 1,25 milhão de pessoas morrem anualmente por causa de acidentes viários.
A Organização aponta também que o consumo de substâncias alcoólicas antes de dirigir é um fator que pode ser associado diretamente ao envolvimento em acidentes de trânsito e à gravidade das lesões, fato confirmado pela médica Julia Greve, especialista em ortopedia e traumatologia do Hospital das Clínicas. “Em acidentes em que é constatada embriaguez do motorista, o tipo de lesão é geralmente mais grave. Ele perde a noção dos espaços e, principalmente, do perigo das suas atitudes.”
Dados do Ministério da Saúde mostram outro dado preocupante: 10% dos homens e 2% das mulheres do Estado de São Paulo admitiram dirigir depois de consumir bebidas alcoólicas. A gravidade dos danos ocasionados também está relacionada à velocidade em que se trafega.
A mais recente versão da Lei Seca, de 2012, prevê tolerância zero para ingestão de álcool antes de dirigir. No entanto, como os bafômetros têm uma margem de erro determinada pela legislação federal, os condutores são autuados quando apresentam a partir 0,05 miligramas de álcool por litro de ar expelido.
O limite equivale a menos de um copo de cerveja. Ou seja, qualquer quantidade de álcool é suficiente para gerar a infração. “É importante que a tolerância seja zero, porque essa é a única garantia de que o álcool não vai interferir na capacidade do motorista. Cada pessoa é afetada de forma diferente, não há como padronizar uma quantia segura”, pontua Julia.
O motorista flagrado dirigindo após consumir bebidas alcoólicas é multado em R$ 2.934,70 e notificado a responder processo de suspensão do direito de dirigir por um ano. Quem se recusa a fazer o teste do bafômetro recebe as mesmas penalidades. E, mesmo sem soprar o etilômetro, se o perito identificar alguma anormalidade durante o exame clínico, o cidadão pode responder também por crime de trânsito. A pena é de seis meses a três anos de prisão. Para quem faz o teste, o índice que corresponde a crime é superior a 0,33 miligrama de álcool por litro de ar expelido.
O biólogo Sávio Mourão Henrique, que perdeu a esposa em um atropelamento causado por um motorista bêbado, ressalta que a consciência é a maior aliada do condutor. “Grande parte das pessoas pensa que não vai acontecer com elas. Isso pode acontecer com qualquer um, tanto do lado da vítima quanto do agressor”, conta. “O motorista precisa saber que porta uma arma e que os erros dele podem se transformar em uma tragédia. Eu me tornei o porta-voz sobre algo que eu nunca gostaria de ter passado”, completa. O acidente ocorreu há um ano, em maio do ano passado, na zona oeste da capital.
Apesar do alto risco de dirigir após beber, há quem tente driblar o bafômetro seguindo dicas de páginas da internet, como a ingestão de vinagre, antisséptico bucal, chocolate ou medicamentos que aceleram o metabolismo. No entanto, nenhum produto interfere na precisão do etilômetro. Uma vez que o aparelho mede o álcool ingerido, que passou para a circulação sanguínea e, posteriormente, foi exalado dos pulmões, o único modo de sair ileso do teste é não beber antes dirigir.
Em 2016, somente o Detran.SP aplicou em todo o Estado 41.972 multas por embriaguez ao volante ou recusa ao teste do bafômetro, 26% a mais do que a quantidade aplicada em 2015, de 33.237. Além do Departamento, as polícias rodoviárias estadual e federal também autuam por embriaguez ao volante.