Connect with us

Coluna “Mecânica Online”: Sustentabilidade é muito mais que descarbonização

Published

on



Tarcisio Dias


A temática sustentabilidade continua no centro dos debates das grandes empresas, que buscam soluções que tragam ainda mais valor em todo o processo.

Essa semana tive a oportunidade de participar de um evento internacional promovido pela ZF sobre o mercado de pós-venda e como a união de diversos fatores colaboram para a sustentabilidade em toda a cadeia.

Como não poderia ser diferente, a sustentabilidade é parte integrante da estratégia da ZF, inclusive com metas que visam a neutralidade climática total até 2040.

No entanto, a sustentabilidade é muito mais do que descarbonização. Trata-se de pessoas e do planeta, responsabilidade e prosperidade, apreciação e valores duradouros. E também de produtos e modelos de negócios para um futuro mais sustentável.

Durante o evento, os principais especialistas da ZF Aftermarket, além de membros da equipe de liderança, apresentaram a abordagem holística para o mercado de reposição – desde os conceitos de economia circular já existentes, portfólio de produtos resultantes das próximas medidas de recrutamento sustentável até soluções digitais que reduzem os impactos ambientais antes que eles aumentem.

A abertura do evento foi realizada por Philippe Colpron, diretor da ZF Aftermarket, que destacou que assim como em outros setores, a sustentabilidade é um tema importante também no mercado de reposição.

“Quando falamos em sustentabilidade, o primeiro tópico que nos vem à mente é o meio ambiente – por boas razões. Entretanto, para nós, o significado de sustentabilidade vai muito além da proteção climática. Além das questões ambientais relacionadas ao clima e à natureza, o foco também está nas pessoas e nos valores duradouros”, destacou Colpron.

“É claro que, por estarmos no setor de mobilidade, a melhoria do impacto ambiental está enraizada em nosso DNA. Por meio da evolução tecnológica do trem-de-força, de movidos à combustão a híbridos e sistemas elétricos, com uma parcela cada vez maior de tecnologias orientadas por software, é nosso papel acompanhar nossos clientes em tempos de transformação. Além disso, é nossa responsabilidade, como uma indústria, revisar e adaptar nossos processos de produção: do consumo de energia ao gerenciamento de resíduos de nossas unidades, passando pela economia circular por meio de processos de remanufatura, por exemplo, precisamos repensar constantemente a maneira como operamos. Apreciar a complexidade desse tópico significa perceber que precisamos trabalhar em conjunto com nossos parceiros para atingir nossas metas ambiciosas para o nosso setor”, finalizou o diretor da ZF Aftermarket.

Quando perguntado sobre a enorme transformação da manufatura tradicional para soluções orientadas por dados, e como a ZF poderia garantir a sustentabilidade dos negócios do mercado de reposição, o executivo deixou claro como esse momento é importante na tomada de decisões que podem impactar num mundo melhor para todos.

“As novas tecnologias estão revolucionando o setor de reposição, que durante décadas foi caracterizado pela venda de peças. Impulsionado pelas tecnologias CASES e pela digitalização, esse setor oferece muitas novas oportunidades e exige profissionais em campos completamente novos. Paralelamente a essa transformação tecnológica, também estão ocorrendo mudanças geracionais. Essa nova geração pensa primeiro no digital – talentos com conhecimento de tecnologia e consciência ecológica são uma força motriz para mudanças sustentáveis. O setor de reposição deve trabalhar em conjunto para promover essa mudança. Para estarmos mais bem preparados para o futuro, precisamos de uma mudança em direção a uma mentalidade digital para atrair os talentos certos para a sustentabilidade dos negócios do mercado de reposição. A sustentabilidade é crucial para nosso sucesso hoje e ainda mais para o futuro. Se formos bem-sucedidos, criaremos um mercado ainda mais forte, um planeta mais verde e uma sociedade melhor”, enfatizou Philippe Colpron, diretor da ZF Aftermarket.

Na sequência do evento a temática em destaque foram as Soluções digitais sustentáveis, apresentadas por Benoit Dessart, Chefe da Linha de Negócios de Soluções Digitais da ZF Aftermarket.

A ZF acompanha a eletrificação principalmente junto aos clientes para o melhor entendimento nessa fase de transição. O objetivo é otimizar as operações da frota de carga, reduzindo as emissões de CO2 no transporte e utilização de soluções digitais para o controle da frota, permitindo redução no gasto com combustível e de tempo.

Recrutamento sustentável foi o tema de Stefanie Bohnet, parceira de Negócios de RH da Linha de Negócios de Soluções Digitais da ZF Aftermarket. Na apresentação ela destacou a transformação da indústria de recrutamento e a mudança geral para o digital – nova mentalidade – e como manter a atratividade para os jovens talentos e a importância da mudança só acontecer em conjunto.

O brasileiro Everton da Silva, diretor de excelência em operações globais da ZF Aftermarket, destacou a Produção sustentável e cadeia de suprimentos. “A tarefa de nossa logística verde é fornecer a quantidade certa de produtos da ZF Aftermarket no lugar certo, na hora certa, com a qualidade e o custo certo, além do menor consumo e emissões possíveis”, explica Everton da Silva, Diretor de Excelência em Operações Globais. “Impulsionamos nossa sustentabilidade por meio da digitalização da cadeia de suprimentos”, explica.

O Grupo ZF tenta reduzir as emissões de CO2 em todas as etapas de produção – começando com a geração da energia necessária para a produção, por meio de, por exemplo, usinas de calor e energia combinadas e auto-operadas ou sistemas fotovoltaicos. “A energia é tão importante para a ZF como o aço e o alumínio. E temos o compromisso de usar eletricidade exclusivamente de fontes renováveis até 2030”, enfatiza Everton da Silva.

Nos últimos anos, o tema sustentabilidade tem se tornado uma prioridade para muitas pessoas. Em uma pesquisa realizada pela PULS, empresa alemã de pesquisa de mercado, e pela ZF Aftermarket, os clientes das oficinas classificaram como particularmente importante o fato de as oficinas agirem de forma ambientalmente consciente.

As oficinas podem se beneficiar dessas informações: elas têm o potencial de reciclar de forma consistente, gerar eletricidade verde usando um sistema fotovoltaico ou introduzir medidas de economia de energia. Com os produtos da ZF Aftermarket, elas também podem demonstrar aos clientes que o produto em si, a produção e o transporte até a oficina são sustentáveis.

“Ao agir de forma responsável e sustentável, as oficinas criam valores duradouros. Isso é verdade para todos no mercado de reposição. Isso as torna parceiras de negócios confiáveis para seus clientes e defensoras responsáveis de uma sociedade sustentável”, conclui Everton da Silva.

Um dos assuntos mais crescente atualmente, a economia circular sustentável, foi o tema abordado por Tomasz Galazka, diretor de estratégia global da Reman e desenvolvimento de negócios.

“Com a remanufatura em série de peças usadas de veículos, é possível economizar até 90% das matérias-primas utilizadas para fabricar uma peça nova. E o usuário pode confiar na qualidade e no desempenho do componente”, explica Tomasz Galazka, Diretor de Estratégia de Remanufatura e Desenvolvimento de Negócios, “pois nos processos industriais empregados pela ZF, as peças são sempre atualizadas para o seu status de série, testadas de acordo com as rígidas diretrizes do equipamento original e acompanhadas pelo mesmo período de garantia que nossos produtos novos”.

Philippe Colpron, Head Global da ZF Aftermarket, enfatiza: “Incentivamos nossos clientes e parceiros a se juntarem a nós na formação de um futuro mais verde, participando ativamente da cadeia de valor da remanufatura. Para muitos clientes, a sustentabilidade está se tornando cada vez mais importante quando se trata de reparos de veículos. É por isso que as oficinas devem oferecer ativamente peças remanufaturadas e nos devolver os núcleos para darmos a eles uma “segunda vida”. Porque a verdadeira economia circular só pode ser bem-sucedida se todos trabalharmos juntos”.

Remanufatura como elemento vital de sustentabilidade – Um ciclo fechado de materiais é um dos objetivos centrais de sustentabilidade da ZF, porque a empresa estabeleceu como meta se tornar neutra para o clima até 2040. A remanufatura é parte essencial dessa iniciativa e já tem uma longa e respeitada história na ZF.

A empresa é hoje um dos maiores fornecedores globais de peças de reposição automotivas remanufaturadas. No total, a ZF oferece mais de 5,5 mil peças diferentes remanufaturados em 20 unidades da ZF em todo o mundo – desde pinças de freio e sistemas de direção, até transmissões automáticas.

Como as peças usadas estão sujeitas a certas restrições de exportação e importação, a capacidade de produção é necessária no maior número possível de regiões. Além disso, isso garante rotas de transporte mais curtas e, portanto, mais economia de CO₂. Por meio dessas atividades, o Grupo ZF conseguiu evitar a emissão de CO₂ equivalente a mais de 32 mil toneladas, em comparação com a produção de peças novas em 2022.

A definição de remanufatura foi estabelecida em 2016 em cooperação com várias associações internacionais, e a metodologia da ZF é baseada nisso. A remanufatura é um processo industrial utilizado para processar peças usadas de modo que elas possam desempenhar a mesma função de uma peça nova.

Elas recebem a mesma garantia de uma peça nova e 100% de todas as unidades remanufaturadas são testadas conforme os padrões do mercado de peças originais.

As peças remanufaturadas diferem das peças usadas pelo fato de que:

* Têm a mesma geometria de uma peça nova;

* Todas as peças individuais estão limpas;

* Os componentes desgastados ou defeituosos (vedações, fixadores, etc.) são substituídos;

* Representam o status mais recente de produção e software;

* São totalmente testadas.

O processo de produção na remanufatura também deve atender a determinados critérios. Todas as peças usadas devolvidas (núcleos) são completamente desmontadas e limpas.

As peças desgastadas são separadas e os componentes reutilizáveis são trabalhados usando processos de manufatura adequados (fresagem, retificação, usinagem, etc.). Após a montagem, todos os produtos são testados utilizando os mesmos métodos de medição e testes de uma peça nova.

Os especialistas da ZF Aftermarket, que atuam no Brasil, destacaram a aposta no transporte de peças por navio para reduzir emissões na logística, através da operação de cabotagem ou ferroviária – que oferece uma redução de cerca de 70% na emissão de CO₂, quando comparado com o transporte rodoviário.

Fabricio Spadine, gerente de vendas da ZF Aftermarket, destacou a importância da cabotagem como uma tendência daqui pra frente, e, ao mesmo tempo, a importância da entrega no tempo certo.

Atualmente, desde 2022, dois trechos já são operados pela ZF para o transporte de componentes para o segmento de reposição, fazendo a ligação entre o centro de distribuição de Itu (SP), passando pelo porto de Santos (SP) chegando até o Ceará ou no segundo trecho, tendo Pernambuco como destino final.

A aplicação dessa estrutura oferece uma redução de mais de 70% das emissões de CO₂ na operação de transporte da fabricante, ou uma economia de 1,8 mil litros de diesel em cada viagem, ainda assim, o transporte rodoviário é utilizado na distribuição regional das peças, mas é bem possível que passem a utilizar combustíveis alternativos.