Coluna “Fernando Calmon”: Automóveis e SUVs sem nova redução do IPI, por enquanto
Anfavea tem um novo presidente, Márcio Leite, da Stellantis, que substituiu Luiz Carlos Moraes, da Mercedes-Benz. A entidade vai completar 66 anos de existência no próximo dia 15 de maio e Leite, de 51 anos, é o 20º a ocupar a posição para mandatos trienais. Ele terá muito desafios pela frente de curto e longo prazos.
Logo de início a esperada segunda rodada de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos não saiu da forma que se esperava. Na realidade, o Governo Federal realmente ampliou o corte na alíquota do IPI de 25% para 35%, para vários produtos em um segundo decreto publicado em 29 de abril último. Mas é bom lembrar que, no caso da indústria automobilística, a primeira rodada, em 1º de março, a redução foi de 18% e não de 25%. No preço final a diminuição ficou entre 1,2% (motores de 1 litro, flex ou gasolina) e 3,7% (motores acima de 2 litros, gasolina). Os últimos representam apenas 2% das vendas totais.
A surpresa agora é que apenas picapes e furgões enquadraram-se no segundo decreto. Estes produtos já tinham alíquotas mais baixas e os reflexos no preço final foram de 0,6% no primeiro decreto e 0,65% no segundo, totalizando 1,25% conforme cálculos da Bright Consulting. Como isso será repassado aos compradores dependerá da estratégia de cada marca. Os custos da indústria têm subido bem mais do que esses percentuais.
Automóveis e SUVs não se beneficiaram da segunda rodada de corte no IPI, neste momento. Porém há ainda possibilidade de o Governo Federal rever esta posição, pois há forte pressão da Anfavea e da Fenabrave para tanto. É bom salientar que a redução das alíquotas é definitiva e não temporária como aconteceu diversas vezes no passado, causando distorções até no mercado de trabalho. E empresa lucrativa, quando houver, paga imposto de renda. Automóveis, no Brasil, são os mais taxados diretamente do mundo.
Há uma longa cadeia produtiva e comercial ligada à indústria automobilística no Brasil: 20% do PIB industrial, 98.000 empresas, 1,1 milhão de empregos e investimentos de R$ 105 bilhões de 2014 a 2018.
Entre as prioridades de atuação de Márcio Leite estão aumentar a localização de itens como chips e caixas de câmbio automáticas (mais de 50% das vendas), exportações, descarbonização progressiva com ajuda do etanol e renovação da frota. “Tudo dentro do senso de urgência que tudo isso exige”, declarou na sua posse.
Atualização do Macan ano-modelo 2023, o SUV de entrada da Porsche que na realidade é um crossover, inclui retoques visuais e aumento de potência. O modelo surgiu em 2014 e utiliza a mesma plataforma MLB do Audi Q5 e outros produtos do Grupo VW. Mas há modificações específicas com acertos de suspensão, direção e motores. Caixa de câmbio automatizada PDK de duas embreagens/sete marchas é exclusiva. Tração 4×4 sob demanda.
O Macan foi o Porsche mais vendido em nível mundial no ano passado e no Brasil o segundo, atrás do 911. As mudanças externas concentraram-se na parte traseira, arredondada e com novo difusor. No interior os botões foram substituídos por superfícies táteis. As potências começam em 265 cv (quatro cilindros). Os biturbos V-6 agora entregam 380 cv e 440 cv. Neste último a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 4,3 s, uma diferença brutal em relação ao motor básico.
Suspensões são firmes e conseguem lidar bem com buracos e piso irregular no asfalto. Fora de estrada só em condições “civilizadas”, onde o vão livre do solo é fator determinante.
Em regime de pré-venda, o Macan T tem altura de rodagem reduzida em 15 mm. Está colocado entre as versões de entrada e a S, por R$ 479.000, para entrega no segundo semestre. Os preços começam em R$ 439.000 e vão a R$ 669.000 (GTS).
Esta repaginação é a última com motores a combustão interna. A próxima geração, em 2024, terá propulsão 100% elétrica.
Vendas em abril mostram esboço de reação
Apesar da falta de peças, juros altos e preços em ascensão o mercado brasileiro de veículos leves e pesados apresentou pequena alta em abril sobre março. Fenabrave informou que foram emplacadas 147.237 unidades em abril contra 146.800 no mês anterior, uma diferença positiva de 0,3%. Entretanto, no acumulado dos quatro primeiros meses de 2022 o resultado ainda é 21,3% inferior ao mesmo período de 2021.
“Notamos uma recuperação gradativa nos emplacamentos. Apesar de continuarmos em retração, no acumulado do ano, notamos que, no fechamento do primeiro bimestre de 2022, o volume estava cerca de 13% menor se comparado a igual período de 2021. Agora, a retração caiu para pouco mais de 7%, o que sinaliza um movimento de retomada ”, afirma Andreta Jr., presidente da Fenabrave.
Ele também relembrou que “a guerra entre Rússia e Ucrânia agrava a crise de abastecimento mundial de semicondutores, além de aumento do preço dos combustíveis”.
Há mais fatores influenciando negativamente na minha avaliação. Juros de financiamento deram um salto de 10 pontos percentuais, ao refletir o inevitável aumento da taxa básica de juros do Banco Central. Além da expectativa do IPI menor, quando o consumir prefere adiar a compra.
*www.fernandocalmon.com.br